Com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sob medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), ausente do país, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro tenta consolidar sua liderança no campo conservador. Em meio à turbulência jurídica da família, Michelle emerge como principal nome do PL para 2026 — mas enfrenta desafios internos e disputas por espaço.
Mesmo com o apoio declarado de figuras como a senadora Damares Alves (PL-DF), que já a chamou de “a maior líder da nação conservadora”, Michelle ainda lida com resistências dentro do próprio campo bolsonarista. O pastor Silas Malafaia, aliado de longa data do ex-presidente, por exemplo, minimizou seu protagonismo e afirmou que “há várias vozes” no conservadorismo e que Michelle “não é a única”.
Michelle, que preside o PL Mulher, tem se movimentado em viagens, eventos partidários e manifestações públicas ao lado de Bolsonaro. No entanto, a falta de experiência política e o “traquejo” ainda limitado em articulações complexas geram desconfiança. Aliados ponderam que uma candidatura ao Senado pelo DF seria mais adequada, mas a possibilidade de substituí-lo numa eventual disputa presidencial já é debatida — especialmente se Bolsonaro for preso.
Internamente, o PL ainda conta com nomes como Flávio Bolsonaro, Rogério Marinho e o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, como os principais articuladores do partido no Congresso. Michelle, por sua vez, tenta expandir sua base com apelo feminino e religioso — pilares centrais do bolsonarismo.
Apesar das resistências, Michelle apresenta viabilidade eleitoral. Pesquisa Quaest de junho indicou empate técnico com o presidente Lula (43% x 39%). Em julho, ela oscilou para 36%, enquanto Lula manteve 43%. No campo da direita, ela empata com Tarcísio de Freitas (15%), governador de São Paulo, ambos vistos como alternativas a Bolsonaro.
Especialistas apontam que Michelle tem vantagens estratégicas: ser mulher, religiosa e menos “beligerante” pode ajudar a conquistar eleitorado feminino e moderado — que rejeita o tom agressivo do ex-presidente.
“Ela é uma reconstrução do bolsonarismo com menor rejeição”, diz o cientista político Alexandre Bandeira. “Mas vai enfrentar resistência de uma direita que não se vê espelhada no estilo de Bolsonaro, o que pode dividir votos e favorecer a esquerda”, conclui.
À frente do PL Mulher, Michelle foi peça-chave nas eleições municipais. Em 2024, percorreu o país apoiando candidatos aliados e proibiu coligações com partidos de esquerda — reforçando a identidade conservadora da legenda. Em diversas capitais, os candidatos com apoio da ex-primeira-dama avançaram ao segundo turno ou venceram já no primeiro.
O maior teste político de Michelle pode estar por vir. Com Jair Bolsonaro afastado do cenário político e enfrentando risco de prisão, caberá à ex-primeira-dama provar que pode liderar sem depender da sombra do marido. Se conseguir, poderá emergir como uma das figuras centrais da oposição em 2026.
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*Com informações Gazeta do Povo