Política Disputa
Ofensiva de Eduardo Bolsonaro agita PL e reaquece disputa por candidatura própria em MS
Críticas à aliança com Reinaldo Azambuja e apoio de Eduardo reaproximam bolsonaristas de raiz e colocam nome de Marcos Pollon de volta ao jogo
25/07/2025 08h46
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

A ofensiva política e internacional liderada por Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em defesa do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, está provocando efeitos colaterais no cenário eleitoral de Mato Grosso do Sul. O movimento liderado pelo deputado nos Estados Unidos, que acusa o Brasil de viver sob uma “ditadura” e pressiona por anistia ampla, reacendeu o ânimo do núcleo mais fiel do bolsonarismo local, que já articula o lançamento de uma candidatura própria ao governo estadual.

Com o "tarifaço" de 50% imposto por Donald Trump ao Brasil — em parte motivado pela suposta perseguição a Bolsonaro, segundo o próprio ex-presidente norte-americano — Eduardo se afastou do mandato para liderar pessoalmente as articulações nos EUA. Ele criticou duramente a comissão do Senado brasileiro que tenta reverter as sanções, chegando a curtir publicações que acusam ex-ministros bolsonaristas de traição por buscarem diálogo.

Na comissão, estão dois nomes de peso da política sul-mato-grossense: a senadora Tereza Cristina (PP) e o senador Nelsinho Trad (PSD). Ambos são cotados para integrar um possível grupo governista na eleição do próximo ano, ao lado de Reinaldo Azambuja, ex-governador e prestes a assumir o comando do PL no Estado. A posição de Eduardo Bolsonaro, no entanto, pode comprometer o apoio de Jair Bolsonaro a esse grupo, especialmente no caso de Nelsinho.

A filiação de Reinaldo Azambuja ao PL provocou resistência dentro da sigla, onde deputados como João Henrique Catan e Marcos Pollon chegaram a ser cogitados como nomes fortes para encabeçar uma candidatura majoritária. Com o acerto com Reinaldo, essa possibilidade havia sido descartada. Mas com os novos desdobramentos e o endurecimento do discurso de Eduardo, o nome de Pollon volta ao tabuleiro político, especialmente se houver um rompimento com o grupo tucano.

Filiado ao PL, Pollon mantém estreita ligação com Eduardo Bolsonaro e, segundo interlocutores, já manifestou disposição para disputar o governo caso receba o aval do grupo. Apesar disso, o deputado mantém cautela: “Ainda é cedo para falar da próxima eleição”, afirmou.

Além disso, Pollon recebeu convite para disputar o governo ou o Senado pelo Partido Novo, o que pode sinalizar um plano B em caso de inviabilização da candidatura dentro do PL.

O clima dentro do partido segue instável. Reinaldo Azambuja, embora prestes a assumir o controle da legenda, não se manifestou publicamente sobre as recentes ações de Eduardo Bolsonaro nem sobre as medidas impostas ao ex-presidente, o que aumenta a desconfiança entre os bolsonaristas mais radicais sobre os rumos da sigla em Mato Grosso do Sul.

O cenário aponta para uma possível ruptura interna no PL sul-mato-grossense, com duas alas disputando o protagonismo nas eleições de 2026: de um lado, o grupo moderado que articula alianças com PSD e PP; do outro, o núcleo ideológico, fiel a Bolsonaro e liderado por figuras como Eduardo e Marcos Pollon.

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*Com informações Investiga MS