Política Tarifaço
Senadores brasileiros embarcam para os EUA armados contra tarifas de Trump
Missão em Washington quer evitar taxas de 50% sobre exportações; comitiva rebate até acusações de pirataria na Rua 25 de Março
25/07/2025 11h18
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

Em resposta direta às ameaças de novas tarifas comerciais por parte do governo norte-americano, uma comitiva de senadores brasileiros embarca nesta sexta-feira (25) para Washington com um dossiê robusto de dados, argumentos econômicos e diplomáticos. A missão, que começa oficialmente na segunda-feira (28), busca convencer lideranças empresariais e parlamentares dos Estados Unidos a barrar a imposição de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, previstas para entrar em vigor em 1º de agosto.

O arsenal preparado pelo grupo não deixa lacunas: além dos impactos para a economia brasileira, o material mostra como os próprios EUA seriam prejudicados pela medida. Estados estratégicos como Califórnia, Texas e Flórida, grandes consumidores de petróleo, aeronaves, café e suco de laranja do Brasil, seriam diretamente afetados.

"Essas tarifas são um tiro no próprio pé", é o tom da argumentação. O dossiê mostra, por exemplo, que os EUA importam 90% do suco de laranja que consomem — e 80% vêm do Brasil. A produção local, especialmente na Flórida, já sofre com o greening, doença que dizimou plantações. Penalizar o Brasil, portanto, é penalizar o consumidor americano.

Contra-ataque às acusações de pirataria

O documento também responde a uma das acusações mais incômodas do USTR (Escritório do Representante Comercial dos EUA): a de que a Rua 25 de Março, em São Paulo, continua sendo um símbolo da pirataria brasileira. A comitiva vai apresentar provas de que o país vem reforçando seu combate à falsificação e à violação de propriedade intelectual.

A Receita Federal e a Polícia Rodoviária Federal apreenderam, entre outubro e novembro de 2024, cerca de um milhão de produtos ilegais na região. Além disso, o Brasil tem atuado em cooperação com autoridades americanas no combate à pirataria digital e aderiu recentemente a tratados internacionais sobre propriedade intelectual.

Tarifas como bomba inflacionária nos EUA

A comitiva também destaca os riscos internos das tarifas para os próprios EUA. Segundo estudos do Yale Budget Lab e da Tax Foundation, os custos das importações disparariam, impactando diretamente a inflação americana. "As tarifas criam um choque sistêmico em todos os setores da economia", alerta o material, citando a economista Isabella Weber, que define a medida como um “inferno criado por políticas públicas”.

Analistas internacionais também alertam para o efeito colateral: a incerteza generalizada no setor industrial, com empresas relutantes em investir ou realocar fábricas. A tendência de friendshoring — deslocar cadeias de produção para países aliados — pode ser sabotada por decisões unilaterais e imprevisíveis como essa.

O que está em jogo

A missão brasileira tenta evitar um novo embate comercial que prejudicaria ambos os lados, num momento em que o Brasil tenta ampliar sua presença nos mercados globais e os EUA lidam com uma economia vulnerável à inflação e à instabilidade política.

Com reuniões agendadas com parlamentares, investidores e representantes da indústria americana, os senadores buscam um discurso pragmático: tarifar o Brasil não é proteger os EUA — é enfraquecê-los.

Receba as principais notícias do Brasil pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do WK Notícias e siga nossas redes sociais. 

*Com informações CNN