Apesar dos avanços legais e das campanhas de conscientização, o feminicídio segue fazendo vítimas em série em Mato Grosso do Sul. De janeiro a julho de 2025, 17 mulheres foram assassinadas simplesmente por serem mulheres, um número que coloca o Estado novamente entre os líderes nacionais nesse tipo de crime.
Por trás dos números, há padrões chocantes: a maioria das vítimas é negra, jovem e foi morta dentro da própria casa — exatamente o espaço onde deveriam estar mais seguras. O dado escancara a falência da proteção oferecida pelo Estado, mesmo quase uma década após a criação da Lei do Feminicídio, que tornou o crime hediondo.
O recuo na concessão de medidas protetivas também agrava o cenário. Segundo o novo Anuário de Segurança Pública, a taxa em Mato Grosso do Sul caiu de 86,2% em 2023 para 85,2% em 2024. Embora a queda pareça discreta, ela ocorre em um contexto de aumento dos assassinatos, o que revela uma desconexão entre as políticas públicas e a realidade enfrentada pelas vítimas.
O assassinato de Rose Antônio de Paula, de 41 anos, no fim de junho, ilustra a tragédia anunciada que se repete em vários casos. Rose foi morta com um golpe de facão dentro da quitinete onde morava, em Costa Rica. O principal suspeito é o próprio companheiro, Juliano Pinheiro de Oliveira, que já havia sido preso por violência contra ela em 2022.
Vizinha da vítima, uma mulher relatou ter ouvido gritos na noite anterior ao crime. Rose foi encontrada sem vida no chão da sala. Juliano fugiu logo após o assassinato e permanece foragido.
Rose é a 17ª mulher assassinada por feminicídio no Estado em 2025. Seu nome agora integra uma estatística dolorosa, mas também serve como símbolo de tudo o que ainda falha no enfrentamento à violência doméstica.
Outras vítimas, como Vanessa Eugênio Medeiros e a filha de apenas 5 anos, Sophie, assassinadas em maio em Campo Grande, escancaram a brutalidade desses crimes. Assim como elas, mulheres de várias cidades do Estado foram mortas por companheiros ou ex-companheiros, quase sempre após uma sequência de agressões ignoradas ou minimizadas.
Na capital, a Casa da Mulher Brasileira continua sendo a principal referência para acolhimento e denúncia. Funciona 24 horas, oferecendo atendimento jurídico, psicológico e social, além de abrigo. O telefone de plantão é o 153.
A impunidade, a morosidade judicial e o preconceito institucional seguem como barreiras para quem busca ajuda. E enquanto essas estruturas não mudarem, os feminicídios seguirão acontecendo — um a um, dentro de casas, por mãos conhecidas.
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*Com informações Midiamax