A decisão dos Estados Unidos de sobretaxar em 50% as exportações brasileiras escancarou a vulnerabilidade da economia nacional e a ausência de uma reação concreta do governo Lula. Antes mesmo de entrar em vigor — o que acontece nesta sexta-feira (1º) — o chamado “tarifaço de Trump” já impõe uma devastação industrial silenciosa, com fábricas fechando as portas, exportações canceladas e milhares de trabalhadores jogados no limbo.
Enquanto isso, o Planalto assiste de braços cruzados. A prometida diplomacia ativa virou um discurso vazio diante da brutal ofensiva americana. Empresários pressionam, governadores tentam salvar empregos, mas a gestão petista ainda patina em medidas paliativas, sem apresentar qualquer estratégia firme para conter o colapso iminente.
No Sul do país, epicentro da crise, o setor madeireiro já contabiliza os primeiros cortes. A Sudati, no Paraná, demitiu 100 trabalhadores. BrasPine e Millpar, em Telêmaco Borba, mandaram mais de 2 mil para casa em férias coletivas. Outras fábricas, como a Ipumirim e a Weihermann, também interromperam as atividades. Cerca de 2.500 contêineres estão parados, segundo a Abimci (Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente).
Em Minas Gerais, o setor de ferro-gusa — que depende em quase 90% do mercado norte-americano — entrou em pane. Com contratos suspensos, empresas como Fergubel, Modulax e CSS Siderúrgica paralisaram operações e já afastaram centenas de trabalhadores. A situação é tão crítica que a UFMG estima uma perda de até R$ 19,2 bilhões no PIB e 110 mil empregos eliminados até 2026.
Nem a indústria bélica escapou. A Taurus, principal fabricante de armas do país, avalia transferir sua produção para os EUA, medida que pode acabar com 15 mil empregos diretos e indiretos no Brasil.
Diante dessa escalada, governadores de estados afetados se movimentam para oferecer linhas emergenciais de crédito e incentivos fiscais. O Ministério da Fazenda cogita reativar programas de preservação de empregos usados durante a pandemia, mas tudo ainda está no campo das ideias.
Enquanto Donald Trump mira seu retorno à Casa Branca endurecendo com parceiros comerciais, Lula opta pelo silêncio diplomático e a passividade política. O tarifaço virou mais que uma ameaça econômica — tornou-se símbolo da fragilidade externa e da desorientação interna do atual governo.
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*Com informações Gazeta do Povo