A esperança de recomeçar custou a vida de Cinira de Brito, de 44 anos. Ela foi morta a facadas pelo ex-companheiro, Anderson Aparecido de Olanda, de 41 anos, nesta quinta-feira (31), em Ribas do Rio Pardo, a 97 km de Campo Grande. O crime, praticado com sinais claros de premeditação, eleva para 20 o número de feminicídios registrados em Mato Grosso do Sul em 2025 — justo na véspera do início do Agosto Lilás, mês de combate à violência contra a mulher.
Segundo as investigações, Anderson atraiu a vítima até sua residência sob a justificativa de que ela poderia buscar seus pertences, alegando estar em Campo Grande. Confiando na ausência do ex, Cinira foi até o imóvel acompanhada da cunhada, mas caiu em uma armadilha. Enquanto ela recolhia alguns objetos, Anderson, que estava escondido no quintal, a atacou com uma faca. Foram cinco golpes, atingindo o abdômen e as pernas.
A cunhada tentou fugir e também foi perseguida pelo agressor, mas conseguiu se salvar ao buscar socorro com o taxista que aguardava do lado de fora. Quando a polícia e o Samu chegaram, Cinira já estava sem vida. O autor foi encontrado em uma cadeira, com ferimentos no peito causados por facadas que ele próprio desferiu, além de sinais de envenenamento. Socorrido com vida, ele foi transferido em estado grave para a Santa Casa de Campo Grande.
Antes do ataque, Anderson espalhou em grupos de WhatsApp um longo texto que intitulou como “carta aberta”. No material, ele faz acusações de traição contra Cinira e outras pessoas próximas, além de deixar pistas explícitas de que planejava o crime. A divulgação da mensagem, no entanto, não foi suficiente para impedir a tragédia.
Cinira havia encerrado o relacionamento com Anderson após descobrir uma infidelidade e havia começado um novo namoro dias antes de ser assassinada. A motivação do crime, segundo a polícia, está diretamente ligada ao fim da relação e à retomada da vida da vítima.
Violência em números
Com o caso de Cinira, Mato Grosso do Sul atinge a marca de 20 feminicídios em 2025. A vítima anterior, Juliete Vieira, de 35 anos, foi morta com uma facada no pescoço pelo próprio irmão em Naviraí. O Estado, que historicamente ocupa posições alarmantes nos índices de violência de gênero, segue enfrentando uma escalada preocupante de casos.
Procure ajuda
Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira funciona 24 horas por dia, inclusive nos fins de semana, oferecendo apoio jurídico, social, psicológico e medidas protetivas. O local conta com Defensoria Pública, Ministério Público, Patrulha Maria da Penha, alojamento e brinquedoteca para os filhos das vítimas. A central de atendimento funciona pelo número 153.
📅 Fevereiro: 5 feminicídios
📅 Março: 2 feminicídios
📅 Abril: 1 feminicídio
📅 Maio: 6 feminicídios
📅 Junho: 3 feminicídios
📅 Julho: 3 feminicídios
📅 TOTAL (até 31/07): 20 mortes de mulheres
O mês de agosto carrega a cor lilás como símbolo de resistência e conscientização sobre a violência contra a mulher. Mas em Mato Grosso do Sul, a campanha já começa marcada pela dor e pela urgência.
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*Com informações Notícias do Cerrado