Política Atrito
Lula desafia hegemonia do dólar e coloca Brasil em rota de colisão com os EUA
Presidente se torna porta-voz da “nova ordem mundial” e atritos comerciais e diplomáticos aumentam com Washington
19/08/2025 10h50
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem assumido no seu terceiro mandato um papel de destaque no cenário internacional: o de defensor público da substituição do dólar como moeda de referência global, posição que nem mesmo outros líderes do Brics – Rússia, China, Índia, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos – ousam sustentar.

Para especialistas, o discurso de Lula é mais ideológico do que estratégico. Cezar Roedel, mestre em Relações Internacionais, aponta que cerca de 90% das transações cambiais ainda são realizadas em dólar, sendo mais de 95% das exportações brasileiras dependentes da moeda americana. “É acreditar de forma quase ingênua que o Brasil teria posição de destaque em uma nova ordem mundial sem o dólar. Trata-se de um sonho ideológico”, afirma Roedel.

O tarifaço imposto pelos EUA aos produtos brasileiros é interpretado por analistas como um recado direto: o país precisará se posicionar em um mundo polarizado. Para o cientista político Adriano Gianturco, coordenador de Relações Internacionais do Ibmec-BH, o discurso de Lula tem mais finalidade política doméstica do que eficácia diplomática: “Serve para reforçar alianças ideológicas e projetar influência no Sul Global, mas o alcance é limitado”.

A postura do governo petista tem gerado sinais de isolamento: perda de prestígio na Europa, atritos com Washington e aproximação de regimes sancionados internacionalmente, como Rússia e Irã. O recente pouso de um avião russo sancionado e a autorização para atracagem de navios iranianos no Rio de Janeiro aumentam a desconfiança internacional.

Deputados como Marcel van Hattem (Novo-RS) e Luiz Lima (Novo-RJ) criticam a política externa de Lula, comparando a postura brasileira à de Venezuela sob Chávez e Maduro. Segundo eles, o custo econômico e diplomático é elevado e coloca o Brasil em conflito direto com os Estados Unidos, seu maior parceiro comercial.

Enquanto isso, o presidente continua defendendo o Brics Pay, sistema embrionário para viabilizar transações comerciais sem o dólar, e mantém a narrativa de que o Brasil busca equilíbrio global e amizade com todos os países. Mas especialistas alertam: o discurso ideológico e confrontador pode custar caro ao país, elevando tarifas e riscos geopolíticos em uma conjuntura econômica já delicada.

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*Com informações Gazeta do Povo