Política Orçamento
Mais da metade do orçamento de Campo Grande vai para folha de pagamento; investimentos despencam
Proposta da LOA de 2026 prioriza servidores e aposentados em detrimento de obras e novos projetos
02/09/2025 09h36
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

A Prefeitura de Campo Grande apresentou à Câmara Municipal a proposta de Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2026, revelando que mais da metade do orçamento será consumida com despesas de pessoal e encargos sociais. Dos R$ 6,97 bilhões previstos, R$ 3,9 bilhões — equivalente a 56% da Receita Corrente Líquida — serão destinados ao pagamento da folha do funcionalismo e aposentadorias, um crescimento significativo em relação aos 52% previstos para 2025.

O percentual elevado de gastos com pessoal compromete a capacidade de investimento do município. Apenas 6,55% do orçamento está reservado para obras e novos projetos, menos da metade do que foi aplicado em 2025, quando os investimentos representaram cerca de 9%. A situação acende um alerta sobre a prioridade financeira da administração municipal, em meio a demandas crescentes da população por serviços e infraestrutura.

As áreas prioritárias seguem com maior fatia de recursos, mas com ajustes discretos: a saúde receberá R$ 2,09 bilhões (30% do total) e a educação, R$ 1,77 bilhão (25,47%). Já o Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande (IMPCG) terá aumento significativo no orçamento, passando de R$ 673 milhões para R$ 729 milhões, reforçando a pressão sobre as contas municipais.

A prefeita Adriane Lopes (PP) defendeu o orçamento como parte de um plano de médio prazo, integrado ao novo Plano Plurianual (PPA 2026–2029), e afirmou que a administração busca equilíbrio fiscal diante da Reforma Tributária nacional. “Estamos contingenciando gastos da máquina pública para reinvestir na cidade e gerar oportunidades, mas é preciso ter cautela com os impactos da reforma”, declarou.

A secretária da Fazenda, Márcia Hokama, explicou que o aumento da folha será monitorado e que o objetivo é reduzir gradualmente o índice, combinando contenção de despesas e aumento da receita. O PPA prevê oito eixos estratégicos, priorizando a conclusão de obras em andamento, investimentos em saúde, educação e primeira infância, deixando novas iniciativas para etapas posteriores.

A proposta da LOA e do PPA agora segue para análise dos vereadores, que poderão propor ajustes antes da sanção. A disputa será entre manter o peso crescente da folha ou ampliar recursos para investimentos essenciais, em um cenário de finanças municipais cada vez mais pressionadas.

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*Com informações Correio do Estado