O Supremo Tribunal Federal (STF) entra em sua semana mais tensa ao julgar Jair Bolsonaro (PL) e aliados no caso do chamado “núcleo crucial” da trama golpista. Entre alegações de fraudes, contradições e denúncias explosivas, os ministros da Primeira Turma iniciam nesta terça-feira (9) a votação que pode marcar um capítulo histórico na política brasileira.
O relator Alexandre de Moraes abre a sessão às 9h, com previsão de quatro horas de voto detalhado sobre cada réu. Bolsonaro é apontado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como líder de organização criminosa, uma acusação que pode ampliar a pena e consolidar a gravidade do caso. Sete outros réus respondem a crimes que vão de golpe de Estado a ataques à ordem democrática, enquanto algumas imputações a Alexandre Ramagem foram parcialmente ajustadas pela Câmara.
A defesa de Bolsonaro disparou contra a delação do tenente-coronel Mauro Cid, tachando-a de “mentirosa, contraditória e absurda”. O advogado Celso Vilardi afirmou que não há “uma única prova que ligue o ex-presidente às operações Punhal Verde e Amarelo, Luneta ou aos atos de 8 de janeiro”, criticando duramente a credibilidade do delator. Outras defesas acusaram Moraes de transformar-se em protagonista do processo, acumulando funções de acusador e julgador.
Por outro lado, o Procurador-Geral da República Paulo Gonet não deixou dúvidas sobre a gravidade da acusação: Bolsonaro e aliados teriam tramado a ruptura da ordem democrática, buscando apoio militar e tentando impedir a posse do presidente eleito. “Quando o presidente da República e o ministro da Defesa se reúnem com comandantes militares, o golpe já está em curso”, alertou Gonet. Segundo ele, os réus incitaram resistência ativa contra os resultados eleitorais, configurando uma ameaça direta à democracia.
Os próximos votos ficarão por conta de Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, com previsão de encerramento da dosimetria das penas na sexta-feira (12). Especialistas políticos já classificam o julgamento como “um divisor de águas”, capaz de definir o limite entre a impunidade política e a preservação da democracia.
Enquanto isso, a disputa nos bastidores é intensa: defesas pressionam pela absolvição, questionando provas e versões oficiais, e o relator enfrenta críticas sobre imparcialidade. A nação acompanha um julgamento que mistura política, poder e tensão institucional, com repercussão direta sobre o futuro da democracia no país.
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*Com informações Metrópoles