O transplante capilar, seja de cabelo, barba ou sobrancelhas, tem ganhado cada vez mais espaço entre os procedimentos estéticos realizados no Brasil. Dados da ferramenta Google Trends indicam que o tratamento representa 48,43% das pesquisas relacionadas a transplantes.
Já um estudo da Associação Brasileira de Cirurgia da Restauração Capilar (ABCRC) aponta que 80% dos pacientes que buscam esse tipo de intervenção o fazem por conta da calvície genética.
Ainda que a popularização do procedimento, a médica dermatologista Dra. Letícia Ambrosano, especialista em transplantes capilares, afirma que o sucesso do tratamento pode estar diretamente ligado a um plano orientado e personalizado, devendo ser desenhado com base nas características individuais de cada pessoa.
"Assim como nossa mãe nos dizia ‘você é único’, a cirurgia também precisa ser. Por isso é necessário realizá-la conforme o que você tem para retirar e o que precisa ser colocado", explica.
Ela destaca ainda que, embora o transplante consista na transferência de folículos de uma área do corpo para outra, essa remoção é permanente e exige um planejamento criterioso sobre como e onde utilizar os fios disponíveis.
O diagnóstico inicial também é uma etapa fundamental para definir a viabilidade do procedimento. Segundo a Dra. Letícia Ambrosano, é preciso identificar o tipo de alopecia, seja androgenética, frontal fibrosante ou liquen plano pilar, e avaliar se há área doadora compatível com a expectativa do paciente.
"As doenças inflamatórias que causam perda permanente dos folículos podem acometer inclusive os folículos transplantados. Daí a importância de alinhar com o paciente a perspectiva futura", avalia.
Para a médica, outro ponto relevante é o desenho da linha frontal e das sobrancelhas, que deve respeitar as proporções faciais do paciente. Ela ressalta que cada rosto exige um enquadramento específico e que a avaliação considera fatores como a altura do músculo frontal e o formato da face.
"Apesar de gostar das proporções dos terços, não acredito em rigidez na avaliação e levo em consideração três pilares: o que o paciente quer, o que eu acho que combina mais e o que é possível ser feito", esclarece.
A definição de metas de densidade por área também pode influenciar diretamente o resultado estético do transplante. Dra. Letícia Ambrosano compara o procedimento à construção de uma casa, em que é necessário elaborar uma planta e estabelecer prioridades. "Temos que garantir que o volume em áreas mais nobres seja melhor do que em áreas menos nobres", reforça.
A seleção da área doadora é outro aspecto técnico que exige atenção. A especialista explica que a região escolhida deve ser segura, com fios espessos, coloração forte e, preferencialmente, múltiplos fios por folículo. A tricoscopia é o exame utilizado para avaliar a qualidade dos fios e determinar a viabilidade da área doadora.
Segundo a médica, o acompanhamento pós-operatório é considerado imprescindível para garantir a eficácia do transplante. Ela destaca que, embora seja uma cirurgia segura, o monitoramento permite identificar e tratar precocemente complicações como foliculite, além de aplicar tratamentos que aceleram o resultado estético. "Também tratamos os fios em áreas calvas para podermos ter um volume final maior", explica.
De acordo com a Dra. Letícia Ambrosano, o planejamento personalizado é essencial para alinhar as expectativas do paciente com os resultados reais do procedimento. Ela destaca que a principal contraindicação ao transplante é a expectativa fora da realidade.
"Na consulta é possível transformar a avaliação em critérios matemáticos, e expor para o paciente qual a porcentagem de cobertura obtida de acordo com a área doadora", conta.
Dados da Mordor Intelligence apontam que o mercado global de transplantes capilares deve crescer a uma taxa anual de 8,9% até 2029, evidenciando o interesse crescente pelo tema.
Com mais de dois mil pacientes operados, a especialista observa que a insatisfação geralmente não está relacionada à densidade alcançada, mas à falta de compreensão sobre o resultado possível, esclarece a Dra. Letícia Ambrosano.
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