Gestoras de fundos imobiliários não escondem a preocupação com uma eventual tributação dos dividendos dos FIIs, sinaliza relatório da XP, assinado por Maria Fernanda Violatti e Maria Irene Jordão.
No documento, as analistas apresentam as perspectivas e projeções das casas para o segmento em 2023 – ano classificado como desafiador para os investimentos tanto do ponto de vista político como no cenário macroeconômico, detalha o texto.
Com mais de dois milhões de investidores, os fundos imobiliários distribuem atualmente dividendos mensais e isentos de Imposto de Renda – um dos principais atrativos do produto. A possibilidade de fim da isenção está no radar dos gestores de FIIs.
“Os gestores de FIIs expressaram preocupações com possíveis mudanças de tributação, notadamente com uma possível tributação de dividendos [dos fundos imobiliários]”, destaca o relatório da XP, que ouviu as gestoras Capitânia, Kinea, Mauá, RBR, TG Core, Valora, VBI e XP Asset.
Em 2021, a possibilidade de tributar os rendimentos dos FIIs foi incluída em projeto de lei (PL) que modificava a cobrança do Imposto de Renda. A proposta chegou a ser aprovada na Câmara dos Deputados, mas alguns itens que tratavam de investimentos acabaram sendo eliminados – entre eles, a tributação dos dividendos de FIIs.
Maria Fernanda lembra que ainda é difícil dimensionar o impacto de uma eventual tributação dos dividendos no mercado de FIIs, mas afirma que, mesmo se ocorrer, os fundos imobiliários seguirão atrativos se comparados com outras classes de ativos que também passariam a ser tributados.
“De toda forma, já é esperado que ruídos políticos como este sejam responsáveis por volatilidade no mercado secundário”, prevê a analista da XP.
Impactos do macroeconômico sobre FIIs
Em relação ao cenário macroeconômico, os gestores de fundos imobiliários concentram as atenções na persistência da pressão inflacionária e, principalmente, na taxa básica de juros da economia nacional, a Selic.
Quanto mais elevado o indicador, mais rentável se torna a renda fixa, que acaba atraindo os investidores da renda variável – inclusive dos fundos imobiliários.
A XP espera que a Selic – que subiu de 2% no início de 2021 para os atuais 13,75% ao ano – permaneça neste patamar até meados de 2024, quando então deve começar a ser reduzida. Mesmo assim, a expectativa é que a taxa encerre o próximo ano em 11%.
“A taxa de juros deve ser mantida em patamares mais elevados para controlar expectativas e evitar repiques na inflação, que não deve convergir para a meta”, explica relatório da XP. “Os principais riscos para este cenário são uma possível mudança na meta de inflação e incerteza quanto à condução do Banco Central”, complementa.