O advogado e ex-deputado federal Fábio Trad confirmou sua filiação ao Partido dos Trabalhadores (PT), destacando que a decisão não é uma guinada política, mas um ato de coerência diante da polarização no Brasil. Em entrevista ao podcast Política de Primeira, Trad fez críticas contundentes à extrema direita e àqueles que defendem anistias para envolvidos em ataques contra a democracia.

“Não vou ficar ao lado de pessoas que rezam pra pneus, nem de quem coloca bomba perto de aeroporto. Se anistiar hoje, incentiva futuros golpes de Estado. O Brasil se tornaria insuportável de se viver”, afirmou o ex-deputado, que vê sua filiação ao PT como alinhamento natural com valores democráticos, soberania estatal e justiça social.

Trad também aproveitou para comparar sua nova casa política com a realidade de outros partidos: “O PT não é um partido sectário ou de exclusão. Aqui, você apresenta ideias, debate e sustenta sua posição. Quem dirige o debate pergunta: alguém contesta? Contesta, vamos à votação. O voto do militante mais humilde vale igual ao de um líder. Isso é democracia pura, parece a Grécia antiga, na Ágora”.

O ex-deputado relatou sua trajetória de coerência: do PMDB, apoiando o primeiro governo Dilma, ao PSD, onde se posicionou contra privatizações e reformas que não concordava, mesmo sendo considerado dissidente e alvo de críticas internas. “O centro acabou. Hoje temos dois campos: um democrático e outro extremista, que defende invasão de Brasília e passa pano para quem coloca bomba em carro. Para onde eu vou? Não é difícil decidir”, disse.

A filiação gerou reação familiar dividida: setores ligados à direita criticaram a decisão, enquanto outros, como Marquinhos Trad (PDT), apoiaram e anunciaram que o PDT participará da frente ampla em defesa da reeleição do presidente Lula. Já o senador Nelsinho Trad (PSD), irmão de Fábio, se manteve neutro quanto à filiação do irmão, destacando que respeita as escolhas políticas de cada membro da família, mas reforçou a importância da união em torno da defesa da democracia e dos valores institucionais.

Fábio Trad criticou também a radicalização de antigos aliados: “Quem mudou foram eles. Aqueles que estavam comigo na OAB defendendo o Estado democrático agora estão na extrema direita. Eu não mudei, apenas permaneci coerente”.

Com sua entrada no PT, Trad se posiciona como um referencial da ala progressista em Mato Grosso do Sul, alinhado à defesa de Lula e à promoção de debate interno democrático. A movimentação reforça ainda o contraste entre os valores do PT e os grupos que, segundo ele, defendem ruptura institucional e práticas antidemocráticas.

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