Brasil INSS
Farra do INSS: aposentados foram enganados com fotos falsas e fraudes bilionárias
Documentos da CGU revelam que associações manipularam biometria facial para aplicar descontos indevidos em benefícios de aposentados
03/10/2025 09h53
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

A Controladoria-Geral da União (CGU) descobriu um esquema escandaloso de fraudes envolvendo aposentados do INSS, em que entidades manipulavam fotos e documentos para simular a anuência dos beneficiários a descontos associativos sem consentimento. Segundo apuração do Metrópoles, aposentados foram filiados a associações de forma fraudulenta, usando xerox de RG, imagens antigas ou coloridas artificialmente, e até plataformas digitais para burlar a biometria facial exigida pelo instituto a partir de 2024.

Os documentos reunidos pela CGU mostram que empresas de tecnologia contratadas pelas entidades, como Soluções Power BI, Confia Tecnologia e Dataqualify, desenvolveram ferramentas para criar fichas falsas e validar assinaturas digitais de aposentados que nunca concordaram com a filiação. Só estas associações teriam arrecadado R$ 1,4 bilhão com descontos indevidos.

O esquema, revelado pela Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, envolveu ao menos três associações centrais – Amar Brasil, Master Prev e AASAP – cujos dirigentes tinham ligações com empresários do mercado de crédito consignado. Esses empresários receberam mais de R$ 70 milhões das associações, incluindo doações eleitorais e contratos com empresas de tecnologia que validavam as fraudes.

A CGU e a Justiça apontam que muitas das assinaturas e fichas apresentadas pelas associações não têm validade legal, pois não comprovam a autorização dos aposentados. Em casos, a geolocalização das assinaturas digitais provou que beneficiários estavam a centenas de quilômetros de onde supostamente autorizaram os descontos.

Entre os alvos das investigações estão aposentados que nunca consentiram com a filiação, entidades descredenciadas pelo INSS, e empresas ligadas aos presidentes das associações. O prejuízo estimado ultrapassa R$ 2,2 bilhões, consolidando o esquema como uma das maiores fraudes contra aposentados da história recente do Brasil.

O caso expõe uma combinação de tecnologia, fraude e atuação empresarial para lesar cidadãos vulneráveis, enquanto órgãos de controle e Justiça tentam reparar os danos e responsabilizar os envolvidos.

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*Com informações Metrópoles