O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a gerar polêmica nesta sexta-feira ao afirmar, durante viagem à Indonésia, que “traficantes são vítimas de usuários”. A declaração, que parece inverter a lógica da responsabilidade criminal, provocou reações duras de parlamentares e líderes da oposição, que acusam o chefe do Executivo de relativizar a violência e proteger criminosos.
“Os traficantes são vítimas dos usuários, os assaltantes são vítimas dos assaltados, os assassinos são vítimas dos mortos, os estupradores são vítimas das violentadas. Presidente Lula, vítima é o povo brasileiro dessa visão distorcida!”, rebateu Ciro Nogueira (PP-PI) no X. A fala do presidente foi classificada como inacreditável por Sóstenes Cavalcante (PL-RJ): “O homem que governa o país defende quem destrói famílias, quem enche os cemitérios e espalha violência. Para ele, o bandido é vítima e o cidadão de bem é o culpado.”
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) ironizou a afirmação: “No ritmo que vai, daqui a pouco o PCC vira ONG.” As críticas refletem a indignação de setores políticos e da sociedade diante de uma declaração que, segundo especialistas, relativiza a responsabilidade de quem comete crimes e coloca a culpa sobre aqueles que sofrem os impactos da violência.
O episódio ocorre no mesmo dia em que Lula recebeu notícias positivas: pesquisa Atlas/Bloomberg apontou que sua aprovação atingiu o melhor patamar desde janeiro de 2024, e que venceria todos os adversários em cenários projetados para 2026. Ainda assim, a fala do presidente sobre drogas e criminalidade promete incendiar o debate político e reforçar a polarização em torno da segurança pública, levantando questionamentos sobre sua postura frente à violência que assola o país.
Analistas apontam que a declaração evidencia uma tentativa de minimizar os efeitos do crime organizado e adota um discurso que favorece criminosos em detrimento da população, gerando estranheza até mesmo entre aliados do governo. A polêmica é a prova de que, para Lula, popularidade não neutraliza críticas quando se trata de segurança e responsabilidade.