O Brasil desembolsou R$ 1,438 trilhão em auxílios sociais desde a pandemia de Covid-19, segundo levantamento com base em dados do Ministério do Desenvolvimento Social. O montante astronômico, que soma repasses de programas como Auxílio Emergencial, Auxílio Brasil, Bolsa Família e BPC, expõe um quadro preocupante: a explosão dos gastos públicos e a falta de controle fiscal no país.
A escalada começou em 2020, no governo de Jair Bolsonaro (PL), com a criação do Auxílio Emergencial, que quadruplicou as despesas de um ano para o outro — de R$ 86,6 bilhões em 2019 para R$ 365,5 bilhões. O benefício foi essencial para sustentar famílias afetadas pelas restrições da pandemia, mas abriu caminho para uma nova era de dependência de programas assistenciais.
Mesmo após o fim da emergência sanitária, o governo Lula (PT) manteve e ampliou as transferências. Viabilizados pela PEC da Transição, os repasses atingiram níveis recordes em 2023, sustentando o Bolsa Família turbinado a R$ 600, promessa de campanha cumprida a qualquer custo.
“Várias métricas de controle foram flexibilizadas. Depois da pandemia, com a corrida eleitoral, benefícios foram preservados sem revisão técnica”, afirmou o especialista em contas públicas Murilo Viana.
A consequência é um orçamento praticamente engessado: 96% das despesas são obrigatórias, o que impede o avanço de investimentos e compromete o crescimento econômico.
“Vivemos uma crise fiscal prolongada. O governo opera com déficit e dívida em alta, o que afasta investimentos e trava o país”, alertou Viana.
Além do tamanho da conta, o problema se agrava com fraudes nos benefícios sociais e previdenciários. De acordo com o economista-chefe da ARX Investimentos, Gabriel Leal de Barros, há ao menos R$ 20 bilhões em gastos indevidos que poderiam ser cortados se o governo modernizasse o sistema.
“Há muita fraude. O governo ainda é analógico. É possível economizar sem cortar direitos se houver informatização e cruzamento de dados”, apontou o economista.
O BPC (Benefício de Prestação Continuada) é o mais preocupante. Em cinco anos, o gasto com o programa dobrou, saltando de R$ 52,5 bilhões em 2018 para R$ 102 bilhões em 2024.
“O BPC está fora de controle. O critério para classificar problemas de saúde é frouxo, e o governo não consegue lidar com isso”, completou Barros.
Com a despesa social fora de controle e o endividamento crescente, o Brasil enfrenta o desafio de equilibrar responsabilidade fiscal e social. Até o momento, no entanto, o que se vê é um país refém dos próprios auxílios — e com cada vez menos espaço para crescer.
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*Com informações CNN