A instalação da CPI do Crime Organizado, marcada para esta terça-feira (4) no Senado, promete incendiar o cenário político e abrir uma nova frente de confronto entre governo e oposição. O colegiado nasce em meio à comoção nacional após a operação no Rio de Janeiro que deixou 121 mortos — e reacende um tema sensível para o Palácio do Planalto: a segurança pública.
Nos bastidores, o governo tenta manter o controle político da comissão ao articular o nome do senador Fabiano Contarato (PT-ES) para a presidência. A oposição, por outro lado, se movimenta intensamente para emplacar Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o que transformaria a CPI em um palanque de desgaste direto para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), oficializou a criação da comissão um dia após o massacre ganhar repercussão nacional. “É hora de unir as instituições para enfrentar facções e milícias que ameaçam o país”, afirmou.
Sob a liderança de Rogério Marinho (PL-RN), os oposicionistas atuam para consolidar a candidatura de Flávio Bolsonaro e conquistar maioria no colegiado. O grupo conta com nomes como Hamilton Mourão, Magno Malta, Sergio Moro e Marcos do Val, que prometem usar a CPI como vitrine de denúncias.
“A CPI será o campo de batalha da verdade. O Brasil vai assistir à queda das máscaras”, declarou Marcos do Val (Podemos-ES), antecipando o tom beligerante da oposição.
Uma eventual vitória de Flávio Bolsonaro representaria uma derrota simbólica para o governo, que teme ver a pauta da segurança — tradicional bandeira da direita — dominar o debate nacional e ofuscar programas sociais do Planalto.
Para evitar que a CPI se torne um foco de desgaste político, o governo aposta na relatoria de Alessandro Vieira (MDB-SE), considerado técnico e independente. O senador promete um relatório “equilibrado” e uma apuração profunda sobre o funcionamento das facções criminosas e milícias no país.
“A CPI precisa entender como essas organizações operam, de onde vem o dinheiro e o que realmente funciona no combate ao crime”, afirmou Vieira.
Para especialistas, o avanço do crime organizado ultrapassa as fronteiras da segurança pública e já compromete as estruturas do Estado.
“O PCC e o Comando Vermelho hoje atuam como corporações infiltradas no poder público. A guerra não é só nas ruas, é dentro das instituições”, alerta o cientista político Márcio Coimbra, presidente do Instituto Monitor da Democracia.
Segundo ele, o Brasil vive uma “guerra silenciosa” e, sem uma estratégia nacional integrada que envolva inteligência, combate à lavagem de dinheiro e purificação da máquina pública, o país corre o risco de “seguir o caminho do Rio: o retrato de um Estado falido”.
Com a CPI prestes a ser instalada, o Senado se prepara para um embate que promete ir muito além das milícias — e pode redefinir o tabuleiro político até as eleições de 2026.
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*Com informações CNN