O massacre no Rio de Janeiro, com 121 mortos em uma das operações policiais mais letais da história do país, derrubou de vez o discurso brando do governo Lula sobre segurança pública e jogou o Planalto no centro de uma crise política sem precedentes. O que a esquerda chamou de “matança”, a direita transformou em bandeira de coragem e autoridade — e a disputa pela narrativa já contamina a corrida presidencial de 2026.
A ação contra o Comando Vermelho, liderada pelo governador Cláudio Castro (PL), virou um divisor de águas. Enquanto parte da esquerda condena a operação e fala em “violação de direitos humanos”, a população — cansada do domínio das facções e da omissão do Estado — aplaude o endurecimento policial. Nas redes, Castro virou símbolo de firmeza. Lula, de hesitação.
O presidente rompeu o silêncio apenas nesta terça-feira (4), classificando a operação como “matança” e determinando que a Polícia Federal investigue as mortes. A medida, vista como tentativa de controle político da crise, acabou soando como um gesto de fraqueza diante de uma base eleitoral que clama por segurança e punição.
A reação foi imediata: governadores e parlamentares de oposição aproveitaram a fala de Lula para reforçar a imagem de um governo conivente com o crime. “Enquanto a polícia age, o Planalto investiga”, ironizou um deputado da base bolsonarista. A crise também reacendeu o debate sobre classificar facções criminosas como organizações terroristas — proposta que o governo resiste em apoiar e que tem amplo apoio popular.
Especialistas apontam que o episódio marca a virada do eixo político nacional. “A segurança pública agora é o tema número um da eleição, e Lula está do lado errado da pauta”, avalia o cientista político Paulo Kramer. “O presidente tenta capturar o discurso da ordem, mas perdeu o timing. A direita fala a língua que o povo quer ouvir.”
No Congresso, o clima também azedou. A PEC da Segurança, proposta pelo governo e vista como tentativa de controlar as polícias estaduais, sofre rejeição até entre aliados. Ao mesmo tempo, senadores da oposição prometem desgastar o Planalto com a CPI do Crime Organizado, que deve se tornar palco de ataques diretos à postura branda do governo com o crime.
O que era uma operação policial virou um terremoto político. Lula, que apostava em encerrar o ano falando de economia e programas sociais, termina 2025 defensivo, pressionado e com a narrativa sequestrada pela direita. A guerra contra o crime agora é também a guerra pelo futuro político do Brasil — e o presidente parece estar no lado que mais perde votos.
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*Com informações Gazeta do Povo