Política Flopou
COP 30 vira “FLOP 30”: caos, contradições e insegurança expõem fracasso da vitrine climática de Lula
Evento em Belém chega cercado por críticas, ausência de líderes mundiais e denúncias de desorganização que colocam em xeque o discurso ambiental do governo
06/11/2025 11h07
Por: Tatiana Lemes
Foto: Reprodução

A tão aguardada COP 30, que deveria consolidar o protagonismo do Brasil nas questões ambientais, chega a Belém (PA) mergulhada em descrédito, improviso e insegurança. O evento, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sonhava transformar em símbolo da liderança verde brasileira, corre o risco de se tornar um fiasco internacional — e expor, em plena vitrine global, as contradições e o desgaste político do governo.

Desde o anúncio da conferência, Lula apostou na imagem da Amazônia como centro das atenções mundiais. Mas o que se vê às vésperas do encontro é o oposto: hotéis com diárias abusivas, ruas perigosas, infraestrutura precária e críticas crescentes à condução política da gestão petista.

A conferência, que deveria reunir líderes de todo o planeta, deve registrar uma das menores participações de chefes de Estado dos últimos anos. Apenas 57 confirmaram presença, contra 75 na edição anterior. A ausência dos Estados Unidos e de países estratégicos como a Argentina e o Japão mina o peso diplomático do evento.

Para o consultor ambiental Antônio Fernando Pinheiro Pedro, a COP 30 já nasceu esvaziada. “Podemos chamá-la de ‘FLOP 30’. Lula entra profundamente desgastado, com discurso contraditório e sem credibilidade internacional”, afirmou.

Contradições expostas: petróleo na Amazônia e discurso verde

Enquanto o governo tenta vender ao mundo uma imagem de liderança ambiental, o Ibama autorizou a Petrobras a explorar petróleo na Foz do Amazonas, decisão que soou como um tapa na cara da comunidade internacional. A medida derruba o discurso de transição energética e reforça a dependência nacional dos combustíveis fósseis.

O contraste entre a retórica ecológica e a prática petroleira do governo virou munição para ambientalistas e diplomatas, que veem na COP 30 o retrato de um país dividido entre o marketing verde e a política do petróleo.

Crise de imagem: insegurança e caos logístico em Belém

A escolha de Belém, tida como símbolo da Amazônia, transformou-se em dor de cabeça para o governo federal. Jornalistas estrangeiros foram assaltados no centro da cidade, e a repercussão internacional acentuou a desconfiança quanto à capacidade da capital paraense de sediar um evento desse porte.

Para conter o caos, Lula decretou uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), mobilizando as Forças Armadas entre 2 e 23 de novembro. Mesmo assim, o clima de insegurança e desorganização persiste.

Além da violência, a escalada dos preços da hospedagem virou símbolo do descontrole: diárias chegaram a R$ 20 mil, afastando delegações de países pobres e movimentos sociais — justamente os grupos que o governo dizia querer incluir.

Em meio a denúncias de superfaturamento de obras e asfalto cedendo na nova Doca, o “legado” da COP 30 já virou piada nas redes sociais. “Prometeram legado da COP 30, entregaram vergonha pra Belém”, disparou o deputado Rogério Barra (PL-PA).

Lula tenta reverter o jogo com discurso sobre financiamento climático

Tentando recuperar o controle da narrativa, Lula deve apostar no lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), apresentado como marco da nova política de financiamento ambiental. O presidente defende que o fundo substitua a lógica das “doações” por “investimentos” internacionais.

Mas especialistas apontam que a proposta não traz avanços concretos e repete promessas antigas. “O desafio será converter discurso em resultado. O governo precisa mostrar algo tangível, não apenas marketing político”, avalia Ana Paula Abritta, analista da BMJ Consultores.

Com a credibilidade abalada, ausência de líderes importantes, contradições ambientais e problemas logísticos em série, a COP 30 corre o risco de entrar para a história não como um marco da diplomacia climática brasileira, mas como o símbolo do fracasso ambiental e político do governo Lula.

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*Com informações Gazeta do Povo