Geral INSS
A teia do rombo do INSS: repasses milionários, 21 investigados e um rombo que já soma bilhões
Documentos da PF, relatórios da CGU e desdobramentos da CPMI mostram repasses a operadores, ex-gestores e empresas intermediárias — o prejuízo aos aposentados ultrapassa R$ 6,3 bilhões e bloqueios judiciais já atingem bilhões em bens.
14/11/2025 12h18
Por: WK Notícias
Foto Geraldo Magella

Se você acha que já viu todos os escândalos possíveis no serviço público, leia com atenção: o rombo do INSS mostra agora uma rede sofisticada de repasses, contratos simulados e empresas de fachada que, segundo investigação da Polícia Federal e relatório da Controladoria-Geral da União, resultou em descontos indevidos que podem alcançar cerca de R$ 6,3 bilhões sobre aposentados e pensionistas entre 2019 e 2024.

A Operação “Sem Desconto” e os desdobramentos da CPMI transformaram pistas em nomes e documentos. Entre os alvos mais citados estão operadores financeiros, dirigentes de associações, advogados e ex-gestores do INSS — alguns dos quais, segundo as investigações e planilhas apreendidas, teriam recebido repasses milionários em consultorias ou empresas intermediárias. Na sequência das apurações, a CPMI aprovou pedidos para que o Supremo avalie a decretação de prisão preventiva de 21 investigados.

Destaques do que já apareceu na investigação pública:

Esses elementos — planilhas apreendidas, extratos bancários, contratos e trocas de mensagens — compõem a base documental que a CPMI e a PF vêm cruzando. Alguns investigados já foram alvo de mandados de prisão e busca e apreensão em operações realizadas recentemente, e a comissão parlamentar segue requisitando novas quebras de sigilo e convocando testemunhas e peritos para esclarecer quem autorizou, quem executou e quem recebeu os repasses.

 

Por que esta matéria importa

O debate aqui não é só contábil: é humano. São milhões de beneficiários — muitos entre os mais vulneráveis — que, em centenas de municípios, viram parcelas de seus proventos serem desviadas sem autorização. O escopo da investigação abre também uma caixa preta sobre procedimentos administrativos, controles internos fracos e relações entre operadores privados e agentes públicos. A CPMI, por sua vez, tem a missão de traduzir documentos em responsabilidades políticas e criminais.

 

Quadro detalhado — investigados, valores públicos apontados e situação atual (conforme documentos/CPMI/PF)

Notas sobre o quadro: a lista abaixo reúne nomes que aparecem em documentos públicos, em pedidos da CPMI e em reportagens que citam fontes oficiais (PF, CGU, AGU, CP/MIs). Onde não há valor público atribuído nas fontes consultadas, marquei como “sem valor público atribuído (a apurar)”. Informação = o que consta publicamente até hoje; investigações seguem e defesas podem contestar.

Nome / Cargo

Valor apontado (quando disponível)

     Situação / Fonte principal

Antônio Carlos Camilo Antunes — “Careca do INSS” (empresário/operador)

 ~ R$ 50–53 milhões (movimentações apontadas pela PF; parte repassada a terceiros).

 PF / reportagens             investigativas. Gazeta do Povo

Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho — ex-procurador-chefe do INSS

 

R$ 6,5 milhões (repasse via empresas de fachada, 2022-2024. Há menções a cifras maiores em alguns relatórios.

     .

PF / CPMI / reportagens. CNN Brasil+1

Alessandro Antônio Stefanutto — ex-presidente do INSS

R$ 250.000/mês (indicação de pagamentos mensais, segundo investigação).

 

PF / relatórios anexados à CPMI. CNN Brasil+1

André Paulo Félix Fidelis —

 ex-diretor de Benefícios do INSS

~ R$ 5,186,205,00 (valor apontado empeças/relatórios ligado a empresas do entorno familiar).

AGU / documentos judiciais / reportagens. Portal da Câmara dos Deputados

 

 

Eric Douglas Martins Fidelis — (filho de André Fidelis)

Parte de R$ ~5,1 mi (escritório de advocacia recebeu pagamentos segundo apuração jornalística).

 

Reportagens que citam documentos da investigação. Portal da Câmara dos Deputados

 

 

 

 

Alexandre Guimarães —

ex-diretor de Governança/Planejamento/INSS

 

~ R$ 313.205,29 (repasses apontados)

 

AGU / peças da CPMI / reportagens. Portal da Câmara dos Deputados

 

 

 

 

 

 

Cícero Marcelino (ou Cícero Marcelino de Souza Santos) — operador financeiro / citado em investigações

 

 Sem valor público atribuído consolidado (aparece como operador de empresas de fachada e repasses).

PF / CPMI (citado em mandados/relatórios). Senado Federal+1

Thaisa Hoffmann Jonasson — (associada/ligada a Virgílio)

Sem valor público atribuído (a apurar)

 

 

CPMI / documentos judiciais. Agência Brasil

 

 

Rubens Oliveira Costa — (empresário)

Sem valor público atribuído (a apurar)

 

  Documentos/CPMI citam seu papel em operações de repasse. Senado Federal

Maurício Camisotti —

(empresário ligado às associações)

Sem valor público atribuído (a apurar)

 

Citado na lista da CPMI para pedido de preventiva. Gazeta do Povo

Vanderlei Barbosa dos Santos

Sem valor público atribuído (a apurar)

 

CPMI — incluído nos pedidos da comissão. Gazeta do Povo

Geovani Batista Spiecker

Sem valor público atribuído (a apurar)

 

CPMI — incluído nos pedidos da comissão. Gazeta do Povo

Cecília Rodrigues Mota

Sem valor público atribuído (a apurar)

 

Lista aprovada pela CPMI; aparece em documentos públicos. Agência Brasil

Maria Paula Xavier da Fonseca Oliveira

Sem valor público atribuído (a apurar)

Lista/CPMI. Agência Brasil

Nelson Wilians Fratoni Rodrigues (advogado citado em operações)

Sem valor público atribuído (a apurar)

 

PF / CPMI / reportagens citam pedidos e investigações. CNN Brasil

 

(Outros nomes constantes na lista de 21 da CPMI)

Sem valor público atribuído (a apurar)

A CPMI aprovou pedido de prisão preventiva para 21 pessoas; nem todas têm valores públicos atribuídos em reportagens até o momento. Senado Federal+1

 

Conclusão e próximos passos da apuração

A CPMI e a PF seguem com fases operacionais e com colheita de provas: quebras de sigilo, convocações, perícias e pedidos de arresto. As cifras já conhecidas (repasse a indivíduos, bloqueios pela AGU, estimativa de R$ 6,3 bilhões em descontos indevidos) dão dimensão ao caso — mas uma parcela significativa do desenho financeiro ainda precisa ser vinculada, juridicamente, a responsabilizações finais.