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Tarifas Lula falha em negociar e a ação tímida piorou para o Brasil, dizem exportadores
O balanço comercial registra superávit, mas 16,6% menor que no ano passado. A decisão recente de Washington de reduzir tarifas sobre o café e a carne bovina escancara a dificuldade do governo Lula em obter sucesso diplomático: o Brasil perde competitividade para concorrentes que tiveram taxa zerada.
15/11/2025 14h32
Por: WK Notícias
Foto: Reprodução

1. O balanço em números: Superávit em queda preocupa

O Brasil segue registrando superávit na balança comercial. O saldo de outubro de 2025 foi de robustos US$ 6,964 bilhões, o segundo maior para o mês na história. Contudo, a análise do acumulado do ano acende o sinal de alerta e fortalece a crítica à gestão econômica.

O superávit acumulado de janeiro a outubro de 2025 atingiu US$ 52,394 bilhões, mas este valor é 16,6% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado.

Este desempenho mais fraco mostra que, embora o Brasil venda mais do que compra em termos absolutos, a economia perdeu o forte ritmo de anos anteriores. Os resultados positivos dependem majoritariamente da Agropecuária e da Indústria Extrativa, setores de commodities, enquanto a Indústria de Transformação (que gera mais valor agregado e empregos) cresce timidamente em volume e ainda registra queda no preço
médio de exportação.


2. A falsa vitrine diplomática e  piorou para o Brasil.

O governo brasileiro celebrou a recente decisão dos Estados Unidos de reduzir a tarifa sobre produtos-chave, como café e carne bovina, de 50% para 40%. Contudo, essa concessão, que deveria ser um sucesso diplomático da gestão Lula, foi recebida com pessimismo pelos próprios exportadores.

O setor de Café foi o mais veemente ao criticar a medida. “Melhorou para os nossos concorrentes e piorou para o Brasil”, disse Marcos Matos,
diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

Ele explica que, enquanto países competidores como Colômbia e Vietnã tiveram suas tarifas zeradas pelos EUA em acordos bilaterais, o Brasil apenas viu a taxa cair para 40%. Para o Cecafé, essa alíquota continua proibitiva; e não muda nada,mantendo o País totalmente fora do jogo. Como resultado direto do tarifaço, as importações americanas de café brasileiro caíram pela metade.

No setor de Carnes, a reação foi de comemoração comedida, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que vê na redução um sinal, mas ressalta que o objetivo final é a retirada total das tarifas. A expectativa ainda é que a taxação torne o produto brasileiro inviável no mercado americano.


3. O Impacto Real para o Consumidor e as Preocupações da Indústria

A inoperância do governo em negociar concessões recíprocas mais amplas se reflete diretamente na dificuldade de reverter os custos para o consumidor final. A redução parcial das tarifas nos EUA não deve causar uma queda imediata nos preços internos de carne e café, que são balizados pelo mercado internacional.

Além das tensões com os EUA, os grandes exportadores brasileiros citam outras preocupações que o governo não tem conseguido endereçar com eficácia:

1. Logística: CNI (Confederação Nacional da Indústria) aponta a logística e o alto custo de movimentação de produtos como o maior entrave à competitividade.

2. Burocracia Regional: A dificuldade na relação com a Argentina, que impôs novas restrições e atrasos de mais de 60 dias na aprovação de licenças, tem gerado impacto negativo, especialmente para a indústria de transformação.


3. Dependência de Mercados: Analistas de mercado alertam para a alta dependência do Brasil de poucos parceiros comerciais (como China e EUA), o que aumenta o risco em caso de novas tensões ou tarifaços.

Em um cenário onde os concorrentes avançam com acordos de tarifa zero, a gestão Lula não consegue converter o seu prestígio diplomático em ganhos reais e abrangentes para a economia, deixando o setor produtivo na defensiva.