A liquidação do Banco Master e a operação da PF A operação da Polícia Federal que prendeu Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, desencadeou uma crise de grandes proporções no setor financeiro e na política do Distrito Federal. Logo após a ação, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Master, apontando irregularidades consideradas graves no controle, na governança e na estrutura de capital da instituição.
A medida, rara e de última instância, confirmou que o Master já vinha sob escrutínio das autoridades monetárias, que identificaram uma série de inconsistências em seus demonstrativos e operações.
Temer entra no caso: Banco Master contratou ex-presidente para tentar reverter a situação
Dias antes da liquidação, tornou-se público que o ex-presidente Michel Temer foi contratado pelo Banco Master para tentar mediar a crise junto ao Banco Central. Sua missão seria articular uma solução jurídica e institucional que evitasse a intervenção extrema que acabou ocorrendo.
Segundo fontes divulgadas na imprensa nacional, Temer atuou como consultor jurídico e político, buscando diálogo com a cúpula do BC e apresentando propostas de ajuste que, no entanto, não foram consideradas suficientes pelos reguladores. A contratação do ex-presidente elevou ainda mais o peso político do caso e demonstrou que o Master buscava uma saída de alto nível antes de sucumbir à liquidação.
Efeito dominó: afastamento do presidente do BRB e impacto institucional
Com a liquidação decretada, a crise atingiu diretamente o BRB, que negociava aquisição de carteiras do Master e ampliava sua exposição à instituição. O então presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, foi afastado por decisão judicial, assim como diretores ligados às áreas de risco, auditoria e operações.
O Governo do Distrito Federal se apressou em nomear uma gestão interina para tentar conter o impacto reputacional e reforçar a mensagem de que o BRB possui capitalização suficiente e segue normas prudenciais.
Embora o BRB tenha divulgado comunicados tranquilizando o mercado, especialistas afirmam que ainda será necessário abrir todos os números da exposição financeira do banco público à instituição liquidada — especialmente operações que agora são alvo de investigação federal.
CLDF reage: oposição avança para criar CPI
A Câmara Legislativa do DF se tornou palco imediato da crise. Deputados da oposição, como hico Vigilante (PT), Fábio Félix (PSOL) e outros parlamentares, intensificaram a pressão por uma CPI do BRB, alegando necessidade de apurar:
- A tentativa de aquisição do Master;
- A exposição financeira do BRB;
- Possíveis falhas de governança interna;
- A influência política na condução da operação;
- A responsabilidade do GDF no processo.
A base do governo ainda tenta conter o avanço da CPI, mas reconhece que a liquidação do Master e a prisão de seu controlador fortaleceram o discurso oposicionista.
Valores e danos: o que já é fato e o que ainda está em apuração
Até o momento, nenhum prejuízo oficial foi divulgado pelo BRB ou pelo Banco Central, embora haja a expectativa de que auditorias revelem impactos relevantes nas operações e carteiras adquiridas.
Os fatos confirmados são:
1. O Banco Central liquidou o Master por irregularidades graves.
2. O controlador do banco foi preso em operação da PF.
3. Michel Temer foi contratado para tentar intervir junto ao BC.
4. O presidente do BRB foi afastado judicialmente.
5. A negociação entre BRB e Master existiu e era considerada estratégica pelo GDF.
Informações sobre valores bilionários circulam na imprensa, mas não foram oficializadas.
Risco político: impacto direto sobre Celina Leão e Ibaneis Rocha
Embora Ibaneis Rocha e Celina Leão não estejam citados diretamente na investigação, o caso provoca desgaste político por três motivos centrais:
1. O BRB é controlado pelo Governo do Distrito Federal - Qualquer crise envolvendo sua governança ou operações tem impacto imediato sobre a imagem do Executivo local.
2. O GDF apoiou a expansão agressiva do banco - Ibaneis e Celina defenderam publicamente o fortalecimento do BRB como instrumento de Desenvolvimento regional. A tentativa de adquirir o Master integrou essa estratégia — e agora serve de munição à oposição.
3. A CPI pode prolongar a crise até o período eleitoral - Mesmo sem imputações pessoais ao governador ou à vice, a narrativa de descontrole, falta de supervisão e exposição financeira arriscada pode se consolidar entre eleitores, especialmente numa disputa polarizada.
Conjecturas plausíveis: cenário eleitoral em risco?
Analistas políticos avaliam dois desdobramentos possíveis:
Cenário 1 — Desgaste controlado - O GDF reforça governança, se distancia da antiga diretoria do BRB e coopera com autoridades. A CPI, caso instalada, encerra sem atingir diretamente Celina ou Ibaneis.
Cenário 2 — Desgaste prolongado - Depoimentos de ex-diretores do BRB, documentos internos e auditorias podem sugerir falhas de supervisão política, criando uma narrativa desfavorável à chapa governista. A oposição já trabalha para conectar a crise ao projeto político de 2026.
Em ambos os cenários, o caso já é tema de campanha, ainda que discretamente.
Conclusão
A crise envolvendo Banco Master, BRB, Michel Temer e a ação do Banco Central inaugurou uma turbulência que extrapolou o sistema financeiro e entrou definitivamente na disputa política do Distrito Federal. O episódio é grave, tem fatos concretos já reconhecidos por órgãos oficiais e abre espaço para uma CPI que pode definir o tom da pré-campanha no DF.
O desgaste para Celina Leão e Ibaneis Rocha — ainda que indireto — é real e tende a crescer enquanto persistirem dúvidas sobre a extensão da exposição do BRB ao banco liquidado e sobre a governança da instituição pública.