Política Treinamento Bolívia
Megaoperação do PCC contra Sérgio Moro foi avaliada em R$ 5 milhões
A filha do senador seria o plano B da facção criminosa
23/03/2023 06h46 Atualizada há 2 anos
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Moro: “Isso foi assustador para mim e para a minha família"

Iniciada em setembro do ano passado, a operação do Primeiro Comando da Capital (PCC) para matar o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e outras autoridades custou R$ 5 milhões, segundo investigadores que cuidam do caso desde o início, conforme divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo.

Comandados por Janeferson Aparecido Mariano, conhecido como Nefo, criminosos da facção alugaram imóveis residenciais e comerciais perto de endereços de Moro, em Curitiba.

Os bandidos fotografaram o cotidiano da família: escola, academia, compras em shoppings e reuniões de trabalho.

Segundo a Polícia Federal (PF), as ações dos criminosos eram realizadas pelo Sintonia Final, grupo do PCC dedicado a monitorar alvos da facção.

Os atentados contra Moro e outras autoridades, como o promotor Lincoln Gakiya, tinham o objetivo de resgatar Marcola, líder da facção. Há mais de um ano, a inteligência do Departamento Penitenciário Federal e a PF acompanhavam as movimentações e diálogos mantidos por Marcola.

Segundo diferentes fontes ligadas à operação da Polícia Federal, ao sistema prisional federal e às forças de segurança do Paraná e de São Paulo, ao menos 30 pessoas participariam da tentativa de ataque contra Moro. A estimativa foi feita pelos investigadores.

Treinamento na Bolívia

A articulação do PCC para atacar Sergio Moro envolvia o treinamento de mercenários na Bolívia e contratação do Novo Cangaço para invadir o presídio e resgatar Marcola.

Então ministro da Justiça e Segurança Pública, Moro coordenou a transferência e o isolamento de lideranças do PCC para presídios federais, entre eles Marcola. Já Lincoln Gakiya integra o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado e é responsável por investigações sobre a facção.

Filha de Moro

A filha do senador seria o plano B do PCC.

Caso não fosse possível sequestrar ou matar Moro, o grupo tentaria sequestrar a filha dele. Após ser informada extraoficialmente sobre o plano da facção, a Secretaria da Segurança Pública do Paraná solicitou que a Polícia Militar fizesse a proteção armada da família do senador, que já contava com escolta há um mês.

Ao menos nove pessoas foram presas, todas no estado de São Paulo. Entre elas está Patrik Salomão, conhecido como Forjado, apontado como membro da cúpula do PCC e encarregado de planejar o ataque contra Moro. Forjado integra um núcleo do PCC especializado em ações complexas.

O senador Sergio Moro afirmou que o objetivo do ataque era uma retaliação para dizer “não mexam conosco”, que haveria um preço a pagar.

“Isso foi assustador para mim e para a minha família. É um preço infelizmente alto a se pagar pelo combate que fizemos contra o crime organizado”, disse ele.

Já o promotor Lincoln Gakiya apontou que o PCC escolheu autoridades que causavam algum tipo de descontentamento à ‘organização’. 

O Brasil não será vencido pelo crime. As inúmeras manifestações de solidariedade que eu e @rosangelamorosp recebemos nos enchem de esperanças. Apresentei projeto de lei para criminalizar o planejamento de ações do crime organizado contra agentes da lei (ex: juízes, promotores e…

— Sergio Moro (@SF_Moro) March 23, 2023