Política Não Fez Nada
100 dias de Lula: sem base consolidada no Congresso
Apenas revogou e relançou Programas do Governo Bolsonaro
10/04/2023 06h39 Atualizada há 2 anos
Por:
Lula ainda não fez nada nos 100 dias de governo

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chega aos 100 dias de governo sem uma base aliada consolidada nem uma marca petista aprovada no Congresso Nacional.

Nesses três meses e meio de governo, Lula apenas revogou medidas e relançou programas sociais do Governo Bolsonaro, como o Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e retomou o Mais Médicos, que havia sido cancelado.

Na verdade, ele não fez nada nesses 100 dias, e não precisou passar por votação no Congresso. Não houve a análise de texto que dependesse ou mostrasse a força da base aliada do petista. O teste está por vir nos próximos meses.

A primeira prova de fogo diz respeito à aprovação de Medidas Provisórias (MPs) editadas por Lula, que formaliza e embasa grande parte das iniciativas adotadas pela administração federal, como os próprios programas citados acima.

O governo se vê em meio a um conflito em torno do modelo de tramitação das MPs entre as cúpulas da Câmara dos Deputados e do Senado, e busca salvar seus textos antes que percam o efeito a partir de junho.

As MPs têm força de lei assim que publicadas no Diário Oficial da União, mas precisam ser aprovadas em até 120 dias pelo Congresso para que não tenham a validade encerrada.

Base do Petista

Atualmente, a base de apoio a Lula é formada pelos partidos PT, PCdoB, PV, MDB, PSD, PDT, PSB, Psol, Rede, Avante e Solidariedade. Somados, são cerca de 220 deputados.

O União Brasil, partido formado a partir da fusão do Democratas com o PSL (pelo qual Jair Bolsonaro foi eleito em 2018), figura como a maior incógnita de votação até o momento. Apesar de ter três ministérios, a legenda se diz independente e abriga vários parlamentares com histórico de anos de antipetismo.

Além disso, Lula ainda aposta em atrair deputados tidos como independentes e até mesmo de siglas de oposição que não são tão fieis ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), principal antagonista a Lula na política nacional.

Republicanos "não tão fiel a Bolsonaro"

O Republicanos, por exemplo, é uma das siglas que se coloca como independente e que está na lista de prioridades das tentativas de aproximação do Lula.

Com 42 deputados, o partido recentemente formou um bloco parlamentar com o PSD e MDB — que apoiam o governo Lula –, fato que deu esperanças ao governo de conseguir mais votos da legenda.

Agronegócio, Segurança Pública e Evangélica

Lula tem tido mais dificuldade de entrar nas bancadas do agronegócio, da segurança pública e evangélica.

Há diálogo com parlamentares desses grupos, porém, a maioria deles não está alinhada com a gestão petista.

Até aqui, o Planalto tem apostado nas moedas de troca mais tradicionais da política brasileira para atrair os congressistas:

Barganha de Cargos Políticos "toma lá, da cá"

Diferentemente do governo Bolsonaro, Lula defendeu que mais políticos ocupassem cargos de destaque na Esplanada dos Ministérios.

MDB, PSD e União Brasil foram as principais siglas de centro e de direita que indicaram ministros.

O governo ainda busca tirar tanto poder sobre as emendas das mãos dos presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

A ideia é que o Planalto tenha maior controle sobre o tempo e destino da distribuição delas aos parlamentares.

Nos bastidores, ala de deputados reclama que recursos não foram distribuídos como acham que deveriam já ter sido.

A previsão é que os parlamentares sejam mais contemplados às vésperas de votações importantes no Congresso para o governo, como no caso de MPs e da reforma tributária.

Sem marca petista no Congresso "resistências"

Até o momento, não houve uma ideia gestada pelo governo Lula que tenha virado uma nova marca essencialmente petista no Congresso Nacional.

Uma série de medidas batizada como “pacote da democracia” anunciada pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, em janeiro, após os atos de 8 de janeiro, não saiu do papel nem começou a tramitar.

Algumas das propostas do pacote, como a criação de uma Guarda Nacional permanente, no lugar da Força Nacional, já foram discutidas no Parlamento no passado e enfrentam resistências.

Censura nas Redes Sociais

Novas regras para as redes sociais, com o objetivo de censuras os usuários que se manifestam contra o governo, devem ser incorporadas em um projeto em discussão, mas sem previsão de ser votado.

Arcabouço Fiscal

Nesses primeiros meses do ano, os aliados de Lula têm trabalhado em aprovar uma nova fiscal e uma reforma tributária.

A intenção do governo é aprovar ambas as matérias ao menos na Câmara ainda neste primeiro semestre.

Se bem-sucedidas, devem se tornar as primeiras marcas do novo governo Lula aprovadas no Congresso.

Os assuntos de que tratam as Medidas Provisórias de Lula, caso aprovadas com o teor original dos textos editados pelo presidente ou mudanças mínimas, também têm o potencial de se tornarem marcas petistas que mostrem a força do governo no Congresso.

Até porque grande parte é formada por reedições de programas ou políticas públicas mais de esquerda.