Segunda, 15 de Setembro de 2025

"Novo Ministro" nega ajuda a 60 aldeias de povos indígenas, na agricultura

Área de plantio soma 1,3 milhão de hectares, no território dos Parecis!

29/11/2022 às 10h57 Atualizada em 30/11/2022 às 05h36
Por: Fonte: O Globo
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Aldeias em Paresí, Rio Formoso, Utiariti, Irantxe e Tirecatinga
Aldeias em Paresí, Rio Formoso, Utiariti, Irantxe e Tirecatinga

O senador, Carlos Fávaro (PSD-MT), cotado ao cargo de ministro da Agricultura no Governo Lula, se encontrou com presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, e indígenas de Parecis para discutir produção agrícola em áreas demarcadas, mas os integrantes da equipe de transição ficaram irritados com os indigenistas.

Três membros do grupo que discute temas relacionados a povos originários, relatou o incômodo durante o encontro, ocorrido na última quarta-feira, 23, no gabinete do parlamentar.

Fávaro coordena o núcleo da agricultura na transição, durante a reunião com os parecis, apoiadores do presidente, Jair Bolsonaro(PL), discutiram a produção agrícola em áreas indígenas, pauta defendida por Bolsonaro, entre muitas outras.

O senador disse que tratou sobre o plantio de soja no território dos Parecis, que soma 1,3 milhão de hectares, quase dez vezes o tamanho da cidade de São Paulo, e que a reunião não foi "nada demais", que "eles vieram trazer a preocupação de que isso (plantações de soja em terras indígenas) possa vir a ser inviabilizado com novas políticas públicas (do futuro governo)", em entrevista ao O Globo.

Outros membros do governo de transição deixaram claro o incômodo com a agenda de Fávaro, como Kleber Karipuna, coordenador do núcleo de povos originários e integrante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

"Fávaro, infelizmente, está trazendo pautas polêmicas. É algo que vamos ter de enfrentar internamente, seja agora no projeto da transição, seja no próprio governo, a partir do ano que vem", queixou-se Karipuna.

Karipuna rechaça qualquer possibilidade de abrir diálogo com o presidente da Funai, embora Marcelo Xavier comande o órgão do governo responsável por políticas públicas voltadas aos indígenas - "Não queremos nem conversa com esse homem", disse.

As lavouras de soja ficam em cinco terras indígenas — Paresí, Rio Formoso, Utiariti, Irantxe e Tirecatinga — que abrigam 3 mil indígenas espalhados por cerca de 60 aldeias. O cultivo da soja e outros grãos, como feijão e milho, gera um faturamento anual de cerca de R$ 120 milhões.

Essa modalidade de cultivo está permitida no Brasil. Ela é garantida por um termo de ajustamento de conduta firmado entre o Ministério Público Federal e a Funai, já que a legislação prevê limites para a exploração econômica de monoculturas em terras indígenas.

Ligados a uma cooperativa de produtores de soja, a Copihanama, que reúne membros das etnias Paresí, Manoki e Nambikwara em Mato Grosso, os parecis apoiam Bolsonaro desde 2019, pois o presidente sempre priorizou o auxílio aos indígenas.

 

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