O general Carlos José Assumpção Penteado afirmou nesta segunda-feira (4), que a retenção de relatórios da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) pelo general Gonçalves Dias impediu a avaliação real da situação dos atos do 8 de janeiro.
A declaração foi feita em depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal.
Ex-secretário-executivo do GSI (Gabinete de Segurança de Inteligência , Penteado disse que todas as ações conduzidas pela pasta estariam "diretamente relacionadas à retenção [dos alertas da Abin] pelo ministro Gonçalves Dias" e que os relatórios "não foram disponibilizados oportunamente para que fosse acionado o Plano Escudo" antes da invasão dos prédios dos Três Poderes.
"As ações previstas pelos planos públicos teriam impedido a invasão do Palácio do Planalto. Os alertas da Abin não chegaram ao meu conhecimento e tampouco ao nível responsável pela execução da segurança do Planalto e ao secretário de segurança e coordenação presidencial", ressaltou.
Segundo ele, por não receber essas informações, a criticidade de risco era laranja. "No dia 8, estávamos com o Palácio totalmente vazio. Exceto pelo pessoal de segurança, a tropa permanente que vai ao Palácio do Planalto e os agentes de segurança de instalação", afirmou. O ex-secretário-executivo também acrescentou que o prédio dos Três Poderes é vulnerável. "Não tem nenhuma barreira imposta ou natural que possa barrar as manifestações", avaliou Penteado, que afirmou que não houve facilitação de acesso. "Os militares que atuaram eram os mesmos da posse [do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 1° de janeiro]", acrescentou.
A CPI vai ouvir na quinta-feira (14) o testemunho do hacker Walter Delgatti Neto. Em depoimento à CPMI do 8 de janeiro, Delgatti acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de lhe prometer indulto caso assumisse um suposto grampo feito por agentes estrangeiros ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
*Com informações R7