Quinta, 11 de Setembro de 2025

Para bancar campanha, Janones pede R$ 200 mil a assessores

O parlamentar pediu em 2019, que assessores de seu gabinete na Câmara dos Deputados contribuíssem com parte do salário para financiar futuras campanhas de seu grupo político

28/11/2023 às 08h20
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

A situação do deputado André Janones só se complica, depois da rachadinha para pagar suas despesas pessoas, agora, também o parlamentar pediu em 2019, que assessores de seu gabinete na Câmara dos Deputados contribuíssem com parte do salário para financiar futuras campanhas de seu grupo político.

“Eu pensei de a gente fazer uma vaquinha entre nós, e aí nós vamos decidir se vai ser R$ 50, se vai ser R$ 100, R$ 200, se cada um dá proporcional ao salário. Se cada um der R$ 200 na minha conta, vai ter mais ou menos R$ 200 mil para a gente gastar nessa campanha”, detalhou o segundo parlamentar mais votado de Minas Gerais em 2022.

Ou seja, além de cobrar parte do salário dos funcionários para comprar casa, carro e pôr dinheiro na poupança e previdência, Janones quis institucionalizar uma “vaquinha” mensal entre servidores de seu gabinete, remunerados com dinheiro público, para tirar proveito eleitoral.

Em áudio divulgado pelo site Metrópoles, a proposta foi feita na mesma reunião em que Janones cobrou parte dos salários dos servidores para “reconstruir seu patrimônio” após as eleições de 2016, quando disputou a Prefeitura de Ituiutaba (MG) e foi derrotado.

Janones foi eleito deputado federal pela primeira vez em 2018, e reeleito em 2022.

“Como nós não vamos ser corruptos, não vamos aceitar cargos, como a gente não vai ceder a essas coisas e a gente precisa de dinheiro pra fazer campanha, qual é a minha sugestão?

E aí nós vamos dividir o valor entre nós, inclusive eu. Isso é, todos. E isso é legal. Às vezes, você confunde isso com devolver salário. Devolver salário é você ficar lá na sua casa dormindo, me dá seu cartão, todo mês eu vou lá e saco e deixo só um salário pra você. Isso é devolver salário.

Dois mil e vinte [ano eleitoral] tá aí. Eu pensei de a gente fazer uma vaquinha entre nós, e aí nós vamos decidir se vai ser R$ 50, se vai ser R$ 100, R$ 200, se cada um dá proporcional ao salário. Isso a gente vai decidir entre nós”, afirmou Janones.

“A gente começa uma vaquinha já no primeiro mês do salário para a gente disputar as eleições de 2020 com o básico pelo menos”, disse o deputado. No áudio, é possível ouvir um dos assessores argumentando que essa seria “a única saída para Janones disputar a eleição sem ceder ao sistema”, ou seja, sem receber doações de empresas ou desviar verba de emendas parlamentares.

O deputado chegou a apresentar um cálculo de quanto teria à disposição para a campanha a partir da vaquinha. “Se cada um der R$ 200 na minha conta, vai ter mais ou menos R$ 200 mil para a gente gastar nessa campanha. [São só] R$ 200 [por mês]”, disse Janones.

O parlamentar acabou não concorrendo em 2020, pois seu partido, o Avante, decidiu apoiar a candidatura de Alexandre Kalil, do PSD, atual prefeito de Belo Horizonte. Seu grupo político, porém, teve candidatos. O deputado conseguiu eleger sua ex-assessora Leandra Guedes para comandar a Prefeitura de Ituiutaba, a mesma cidade na qual Janones havia amargado derrota em 2016.

A atual prefeita é apontada por um ex-assessor de Janones como a responsável por coletar dinheiro oriundo de rachadinha no gabinete do deputado. Ela nega e afirma que jamais cometeu qualquer irregularidade.

A oposição já anunciou que pretende acionar a PGR (Procuradoria-Geral da República) da Câmara para buscar a cassação de Janones.

Por meio de nota, o deputado negou a prática da rachadinha e disse estar sendo vítima de perseguição da extrema direita. Pediu ainda que o áudio fosse disponibilizado na íntegra e sem edições.

Rachadinha Janones

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