Quarta, 10 de Setembro de 2025

Lira estabelece grupo de trabalho sobre fake news, excluindo Orlando Silva

O Grupo de Trabalho deverá ter uma duração de 30 a 45 dias, visando aprimorar o texto e evitar disputas políticas e ideológicas antes de ser levado ao plenário

10/04/2024 às 11h54
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP/AL), junto com os líderes partidários da Casa, optaram por formar um grupo de trabalho para abordar o tema das fake news e a regulamentação das redes sociais, mas sem atribuir a relatoria ao deputado Orlando Silva (PcdoB/SP). A justificativa é de que o projeto de lei que estava sob sua relatoria está considerado "contaminado", o que o levou a perder a capacidade de liderar as discussões.

O tema das fake news retornou ao Congresso após Elon Musk ameaçar desobedecer às ordens do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relacionadas à suspensão de contas na plataforma de mídia social X.

Segundo Lira, o Grupo de Trabalho deverá ter uma duração de 30 a 45 dias, visando aprimorar o texto e evitar disputas políticas e ideológicas antes de ser levado ao plenário.

"O texto foi objeto de muita polêmica", afirmou.

Teve os problemas da agência reguladora, de todas as versões feitas e praticadas pelas redes sociais com relação à falta de liberdade de expressão, à censura. Quando um texto ganha uma narrativa como essa, ele simplesmente não tem apoio. Não é questão de governo e oposição”, emendou.

O parlamentar observou que os grupos de trabalho têm sido bem-sucedidos em desembaraçar questões polêmicas, citando como exemplo a reforma tributária sobre o consumo, aprovada em 2023.

O presidente da Câmara também expressou não enxergar a decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), de retomar a discussão do marco civil da internet na Corte como uma interferência na Câmara.

“O ministro Toffoli, [assim] como os [outros] ministros do STF, decide sobre matérias que estão postas lá. Uma coisa não tem nada a ver com outra”, disse Lira.

O proprietário da rede social, o magnata, declarou que poderia reativar os perfis que foram suspensos por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O bilionário criticou Moraes e até mesmo defendeu o impeachment do ministro, que também ocupa a presidência do TSE.

Durante uma reunião na residência oficial de Lira nesta terça-feira (9), ficou acordado que as lideranças dos partidos indicarão membros para o grupo de trabalho encarregado de discutir as regulamentações para as redes sociais. Não há previsão para a conclusão dessas discussões, e a expectativa de progresso curto prazo é limitada.

Os líderes e o presidente Lira concordaram que a Câmara não será conduzida pela polêmica envolvendo Elon Musk. Durante a reunião, o líder do governo na Casa, José Guimarães (PT-CE), sugeriu que o projeto sobre fake news fosse rapidamente pautado no plenário, mas a ideia de criar um grupo de trabalho prevaleceu. O objetivo é selecionar um relator que adote uma abordagem moderada.

Na última segunda-feira (8), uma liderança, que preferiu não se identificar, já havia afirmado ao Estadão que retomar a discussão era uma possibilidade, porém colocar o assunto em pauta e aprová-lo dependeria de muitos fatores devido à complexidade do tema.

No último domingo (7), Moraes inseriu Musk no inquérito em curso no STF, investigando a atuação de milícias digitais. O ministro referiu-se à possível "instrumentalização dolosa" da rede social diante da ameaça de reativação de contas suspensas por ordem judicial. Além disso, o magistrado ordenou a abertura de um inquérito contra o bilionário para investigar possíveis crimes de obstrução à justiça, incluindo participação em organização criminosa e incitação ao crime.

Em abril do ano passado, a Câmara chegou a aprovar o regime de urgência para o projeto das fake news. Com essa medida prevista no regimento interno da Casa, o texto poderia ser encaminhado diretamente ao plenário, sem necessidade de passar pela análise das comissões, como é usual. A intenção era que as regras estivessem em vigor nas eleições municipais de 2024. No entanto, a votação foi adiada em maio, após uma série de negociações, devido à incerteza sobre sua aprovação.

Naquela época, Orlando Silva acusou as chamadas "big techs", grandes empresas de tecnologia, de sabotarem as discussões, alegando censura. O Google, por exemplo, exibiu uma mensagem contra o projeto em sua página inicial. Lira afirmou que o adiamento não significava o "enterro do projeto", pois a proposta não foi derrotada na votação.

O projeto de Orlando estabelece uma série de regulamentações para a atuação das redes sociais. Em abril de 2022, antes das eleições presidenciais, Lira já havia se esforçado para aprovar a proposta, porém o regime de urgência foi derrotado por uma margem estreita de apenas oito votos.

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*Com informações Agência Estado

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