Durante a terceira fase da Operação Tromper, realizada em 3 de abril com autorização judicial, o nome de Sérgio de Paula, secretário-executivo do Escritório de Relações Institucionais e Políticas de Mato Grosso do Sul no Distrito Federal, foi encontrado nas anotações de cadernos apreendidos.
Essa investigação revelou um possível esquema de corrupção em Sidrolândia, resultando na prisão de políticos, empresários e servidores públicos. Os mandados de busca e apreensão executados reuniram um grande volume de material que será utilizado para dar continuidade às investigações.
Na mesma operação em que foram apreendidos os cadernos e agendas de anotações, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) deteve o vereador de Campo Grande Claudinho Serra (PSDB). Já há 20 dias na prisão, ele foi formalmente acusado pelos promotores de justiça de ser o líder da organização criminosa.
Adicionalmente, Claudinho Serra já ocupou o cargo de chefe de gabinete de Sérgio de Paula na Casa Civil do Governo de Mato Grosso do Sul.
Até a Terceira Fase da Operação Tromper, Sérgio de Paula não figura entre os investigados.
Além disso, mesmo antes de sua nomeação no início do mandato de Eduardo Riedel (PSDB), Sérgio tem sido frequentemente mencionado como um dos possíveis candidatos a uma vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado de MS (TCE-MS) sempre que o assunto é discutido.
Com laços estreitos com a cúpula do PSDB e uma trajetória política firmada após um acordo político, Claudinho Serra, genro da prefeita de Sidrolândia, Vanda Camilo, do PP, ressalta os vínculos que mantém com o partido tucano. "Ele foi coordenador de articulação política do governo em Campo Grande por dois anos e chefe de gabinete do secretário especial de Gestão Política, Sérgio de Paula", destaca o site do político.
Contudo, ele 'herdou' uma vaga após a renúncia do eleito, Ademir Santana (PSDB), que assumiu a coordenação da campanha do pré-candidato do PSDB à Prefeitura de Campo Grande, Beto Pereira (PSDB).
O nome do secretário Sérgio de Paula, anteriormente à frente da Casa Civil, foi encontrado em um dos cadernos confiscados na empresa AR Pavimentação e Sinalização Ltda (CNPJ 28.660.716/0001-34), de propriedade do empresário Edmilson Rosa, réu no processo.
De fato, a empresa AR Pavimentação, envolvida nas investigações, teria participado de licitações fraudulentas lideradas pelo grupo criminoso em questão. De acordo com a denúncia do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), o vereador Claudinho Serra (PSDB) está no comando da organização.
O nome 'Claudinho' também é mencionado em uma das páginas dos cadernos, embora não esteja claro se se refere ao vereador. Ao lado do nome, há a cifra '500.000,00'.
Por outro lado, o nome de Sérgio é mencionado em uma página que aborda documentação relacionada a obras em Aquidauana e Sidrolândia, juntamente com informações sobre valores.
Além de Sérgio de Paula, os nomes de empreiteiros também são encontrados nas anotações. Um deles é 'André Patrola', que corresponde ao empresário André Luis dos Santos, envolvido na Operação Cascalhos de Areia. Essa alcunha também é mencionada nos cadernos da AR Pavimentação e da GC Obras de Pavimentação Asfáltica Ltda (CNPJ 16.907.526/0001-90).
O advogado Fábio de Melo, representante de Patrola, declarou que seu cliente não possui negócios com a AR Pavimentações. Contudo, o nome do empreiteiro é frequentemente associado a valores que variam de R$ 10 mil a R$ 100 mil.
Patrola está sob investigação devido a contratos com a Prefeitura de Campo Grande e a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos). Esses contratos envolvem obras de pavimentação em estradas e bairros da capital, com valores milionários.
Em 2020, Sérgio de Paula assinou um acordo de conciliação com o MPMS (Ministério Público do Estado) referente a um processo em que respondia por uso indevido de avião do governo para fins particulares.
Conforme o acordo, ficou estabelecido o pagamento de uma multa no valor de R$ 35 mil, dividida em seis parcelas. O juiz da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, José Henrique Neiva de Carvalho e Silva, determinou que o montante fosse destinado à Segurança Pública.
Na época, De Paula já ocupava o cargo de presidente estadual do PSDB.
Ele se tornou réu no processo em 2018, quando o promotor Humberto Lapa Ferri solicitou a devolução de R$ 7 mil pelo voo considerado irregular, além do pagamento de uma multa de R$ 49,7 mil, equivalente a 100 vezes seu último salário, e a suspensão dos direitos políticos por um período de três a cinco anos.
O ex-secretário utilizou a aeronave para viajar de Campo Grande até Andradina (SP) em duas ocasiões.
Réu na terceira fase da Operação Tromper, deflagrada em 3 de abril, o empresário Edmilson Rosa foi detido em flagrante por posse irregular de arma de fogo.
Rosa foi alvo de mandado de busca e apreensão devido a um contrato com a Prefeitura de Sidrolândia, situada a 70 quilômetros de Campo Grande.
O advogado Félix Nunes da Cunha, representante de Edmilson, confirmou o flagrante. Edmilson é proprietário da AR Pavimentação e Sinalização Ltda (CNPJ 28.660.716/0001-34), empresa com contratos milionários também com o Governo do Estado.
Além disso, em Sidrolândia, a AR firmou um contrato em 2022 para a recomposição de revestimento primário em estradas vicinais, com um investimento total de R$ 7.554.096,83. O contrato foi encerrado em fevereiro de 2023.
No Portal da Transparência do Governo do Estado, constam diversos contratos entre a AR Pavimentação e a Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos), totalizando R$ 50.737.379,10.
Essas obras abrangem tanto a capital, Campo Grande, quanto cidades do interior, como Rio Verde de Mato Grosso e São Gabriel do Oeste. Além disso, a AR opera em conjunto com a GC Obras de Pavimentação Asfáltica (CNPJ 16.907.526/0001-90).
Além dessa associação, a CGS Construtora e Serviços Eireli (CNPJ 25.217.122/0001-65) também é investigada e mantém contratos com a Agesul. Durante a operação, os empresários Edmilson Rosa e Cleiton Nonato, apontados como proprietários da AR e GC, foram presos em flagrante. Embora detidos com armas de fogo, conseguiram liberdade.
Fernanda Regina Saltareli, dona da CGS, também foi denunciada. As empresas acumulam contratos milionários com a Agesul, enquanto também mantêm contratos suspeitos com a Prefeitura de Sidrolândia.
Na noite de 17 de abril, foi formalizada a denúncia contra 22 indivíduos alvos da terceira fase da Operação Tromper, sendo recebida pelo juiz dois dias depois.
A denúncia é assinada por quatro promotores: Adriano Lobo Viana de Resende e Humberto Lapa Ferri, do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção); Bianka M. A. Mendes, promotora de Sidrolândia; e Tiago Di Giulio Freire, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).
O Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS) acusa o grupo de uma série de crimes, incluindo organização criminosa, fraude ao caráter competitivo de licitação pública, concurso material de crimes, corrupção ativa, peculato e corrupção passiva.
No total, 22 pessoas foram denunciadas, sem possibilidade de acordo de não persecução penal.
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*Com informações Midiamax