O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tornou público nesta sexta-feira (21) uma denúncia de irregularidades em um leilão de arroz, o qual resultou na anulação do certame após a constatação de fragilidades técnicas e financeiras de uma das empresas participantes. Durante uma entrevista a uma rádio no Piauí, Lula revelou ter tomado medidas drásticas diante do aumento do preço do arroz no mercado nacional.
"Aconteceu uma falcatrua. Um pacote de arroz de 5kg estava sendo vendido por R$ 36 e outro por R$ 33. Isso me levou a decidir pela importação de um milhão de toneladas. Mas o leilão que realizamos foi anulado devido a uma falcatrua em uma das empresas participantes. Por que estamos importando? Porque o arroz precisa chegar à mesa do povo por, no mínimo, R$ 20", declarou o presidente.
Lula destacou ainda a necessidade de diversificar as áreas de produção de arroz pelo país para reduzir a dependência de uma única região. "Vamos financiar áreas produtivas de outros estados para não ficarmos reféns de uma única região. Vamos garantir um preço justo para que os produtores não tenham prejuízos", completou.
O anúncio da anulação do leilão foi feito pelo presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, após questionamentos sobre a capacidade das empresas vencedoras de honrar os compromissos assumidos. O certame, realizado no início do mês, negociou 263,3 mil toneladas de arroz, movimentando R$ 1,3 bilhão. Os lotes foram arrematados com preços entre R$ 4,98 e R$ 5 por quilo, com destino a 21 estados brasileiros.
Não há ainda uma data definida para um novo leilão. Edegar Pretto enfatizou a necessidade de um edital mais moderno e transparente para atender à demanda de abastecimento de arroz no país. Segundo apuração, a maioria das empresas participantes não atendeu aos requisitos financeiros e técnicos estabelecidos.
Demissão na Agricultura
A polêmica em torno do leilão também resultou na demissão do secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller. O ministro Carlos Fávaro confirmou que Geller colocou o cargo à disposição após seu filho estabelecer sociedade com uma corretora de Mato Grosso, ainda que a empresa não tenha participado do leilão em questão.
"Houve um transtorno gerado por essa situação, e por isso ele decidiu deixar o cargo", explicou Fávaro. A saída de Geller adiciona um novo capítulo à controvérsia que envolve o mercado de arroz no Brasil, ampliando o debate sobre a transparência e eficiência dos processos licitatórios governamentais.
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*Com informações R7
