O senador Carlos Fávaro (PSD-MT) foi confirmado a ministro da Agricultura do petista Luiz Inácio Lula da Silva. A nomeação, que já era a mais cotada entre os candidatos ao posto, foi confirmada por membros da cúpula do governo petista, e como seu secretário executivo o nome mais cotado é do deputado Neri Geller (PP-MT), mas ainda não foi fechado.
Em novembro, Fávaro, começou um entrave com os povos Indígenas dos Parecis, negando subsídio para agricultura em mais de 60 aldeias, no Governo Lula, o que pode ter acarretado a perseguição e prisão do cacique, José Acácio Tserere.
Ele também, já esteve à frente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), que o projetou ao meio político e o elegeu senador em 2018, mas não o apoia como Ministro da Agricultura, no governo petista.
A Aprosoja-MT faz oposição ao nome de Carlos Fávaro, dizendo que o ruralista "não tem legitimidade para representar o setor como interlocutor em Brasília".
Interlocução
A escolha de Fávaro contou, nos bastidores, com a ajuda e conselhos de pessoas como o ex-ministro da Agricultura no governo Dilma Rousseff, Blairo Maggi. Nos últimos dias, Maggi fez conversas por telefone com a alta cúpula do PT, para apontar caminhos de como os petistas podem refazer as pontes com o agronegócio, setor que apoiou em massa o presidente Jair Bolsonaro (PL).
No mês passado, a Aprosoja-MT declarou que, "ao apoiar as políticas do PT, que, inclusive, apoiam invasões de propriedades privadas", Fávaro e Neri Geller teriam entrado "diretamente em divergência com os valores conservadores da classe produtora."
Entrave com Indígenas
Em novembro, o senador Carlos Fávaro (PSD-MT), fez uma reunião com o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, mas sua equipe ficou irritada com os indígenas, no gabinete do parlamentar, que coordena o núcleo da agricultura na transição.
Além do presidente da Funai, ele recebeu indígenas parecis. Na ocasião, eles discutiram a produção agrícola em áreas indígenas, entre outras questões, mas menosprezou o pedido de apoio dos Indígenas e disse que foi "nada demais" e "como estou coordenando a transição do Ministério da Agricultura, eles vieram trazer a preocupação sobre as plantações de soja em terras indígenas, que serão inviabilizadas com novas políticas públicas, no Governo Lula", disse Fávaro.
O plantio de soja no território dos parecis soma 1,3 milhão de hectares, quase dez vezes o tamanho da cidade de São Paulo.
Outros membros do governo de transição deixaram claro o incômodo com a agenda de Fávaro, como Kleber Karipuna, coordenador do núcleo de povos originários e integrante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
"Fávaro, infelizmente, está trazendo pautas polêmicas. É algo que vamos ter de enfrentar internamente, seja agora no projeto da transição, seja no próprio governo, a partir do ano que vem", queixou-se Karipuna, preocupado.
Agricultura Indígena
As lavouras de soja, e outros grãos, como feijão e milho ficam em cinco terras indígenas — Paresí, Rio Formoso, Utiariti, Irantxe e Tirecatinga — que abrigam 3 mil indígenas espalhados por cerca de 60 aldeias, que gera um faturamento anual de aproximadamente R$ 120 milhões, para sustento das famílias indígenas.
Essa modalidade de cultivo está permitida no Brasil. Ela é garantida por um termo de ajustamento de conduta firmado entre o Ministério Público Federal e a Funai, já que a legislação prevê limites para a exploração econômica de monoculturas em terras indígenas.
O governo Bolsonaro sempre amparou e protegeu os povos indígenas com subsídios para fomentação da agricultura, contribuindo para melhor qualidade de vida, e com isso, conquistou a confiança da Cooperativa de Produtores de Soja, a Copihanama, que reúne membros das etnias Paresí, Manoki e Nambikwara em Mato Grosso, desde 2019.