O Partido dos Trabalhadores (PT) enfrenta um racha interno após o posicionamento oficial da legenda sobre a eleição presidencial na Venezuela. A Executiva Nacional, presidida pela deputada federal Gleisi Hoffmann, declarou apoio ao presidente Nicolás Maduro, chamando-o de “presidente reeleito” em uma nota divulgada na segunda-feira (29). No entanto, essa declaração gerou uma série de críticas entre os próprios petistas, com uma ala moderada do partido considerando o posicionamento como “precipitado” e questionando a lisura do processo eleitoral.
A nota oficial do PT destacou o desejo de que Maduro “continue o diálogo com a oposição”, mas não abordou as alegações de fraude que têm circulado sobre a eleição. A falta de transparência nas atas eleitorais e a restrição aos opositores políticos foram apontadas como falhas graves, que, segundo críticos, comprometem a legitimidade do pleito.
Diversos parlamentares petistas expressaram descontentamento com o reconhecimento apressado de Maduro. O senador Fabiano Contarato (PT-ES) defendeu uma postura mais cautelosa, alegando que o PT deveria considerar as “investidas autoritárias” do regime venezuelano. Ele e outros líderes argumentam que a declaração pode prejudicar a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente diante da associação com um governo acusado de repressão e falta de transparência.
Valter Pomar, dirigente da Articulação de Esquerda, criticou a nota, afirmando que “a única coisa que está se ‘precipitando’ neste momento é a escalada de violência por parte da extrema-direita”. Em contraste, o senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) classificou o regime de Maduro como “autoritário” e o pleito como “sem idoneidade”, criticando a falta de certificação dos resultados e a restrição de observadores internacionais.
A controvérsia também ganhou destaque nas redes sociais, onde o ex-governador Tarso Genro e outros membros do partido criticaram o reconhecimento da eleição sem a devida auditoria das atas. O ex-presidente nacional do PT, Tarso Genro, comparou a situação à recente eleição no Brasil, argumentando que a falta de transparência prejudica a confiança no processo eleitoral.
Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em sua declaração, pediu a divulgação das atas eleitorais para verificar a legitimidade dos resultados, alinhando-se com a posição de outros líderes internacionais, como o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
A deputada federal Camila Jara (PT/MS) e o deputado federal Bohn Gass (PT/RS) também endossaram a necessidade de transparência, apoiando a ideia de uma auditoria para assegurar a integridade do processo eleitoral. Jara destacou que os eventos na Venezuela ressaltam a importância da transparência nas eleições.
A crise interna no PT reflete um desafio mais amplo enfrentado pelo partido em equilibrar suas relações diplomáticas e seus princípios democráticos, enquanto a comunidade internacional continua a pressionar por uma análise mais profunda e transparente da eleição venezuelana.
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*Com informações Agência Estado