Na manhã desta terça-feira (24), durante a 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva proferiu um discurso que, embora enfatizasse a necessidade de paz e cooperação internacional, deixou a desejar em termos de realismo e profundidade analítica sobre os conflitos que atualmente devastam várias regiões do mundo.
Lula começou sua fala abordando a escalada de conflitos geopolíticos e a crise climática, afirmando que "2024 registra o triste recorde do maior número de conflitos desde a Segunda Guerra". Entretanto, sua análise peca pela superficialidade, já que não explora os fatores complexos que impulsionam essas crises. A simples menção aos "US$ 2,4 trilhões com armas" desviou a atenção da necessidade de discutir a dinâmica de poder que sustenta essas guerras.
O presidente também fez referência aos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio, incluindo Gaza e Cisjordânia, com uma retórica que careceu de um posicionamento mais incisivo e pragmático. Ao dizer que "o que se vê é o uso da força se tornando a regra", Lula não se deparou com a realidade de que a impotência da comunidade internacional em lidar com tais crises também é uma forma de conivência com a violência e a injustiça.
Ao condenar a invasão russa na Ucrânia, Lula pareceu ignorar as implicações de uma resposta militarizada e os impactos diretos que essa abordagem tem sobre a população civil. Sua preocupação com a possibilidade de conflitos se espalharem para o Líbano é válida, mas carece de uma análise mais robusta sobre como a ação militar e a falta de diálogo têm contribuído para o aumento da violência na região.
A fala do presidente foi ofuscada pela declaração do secretário-geral da ONU, António Guterres, que destacou a crescente impunidade em violar normas internacionais. A comparação entre as palavras de Lula e Guterres revela uma falta de alinhamento entre o discurso da liderança brasileira e as preocupações globais expressas na Assembleia.
Embora o Brasil esteja em uma posição privilegiada com a Presidência do G20 e sediará a COP30 em 2025, Lula precisa se alinhar a uma visão mais crítica e realista sobre as questões internacionais. O mundo espera que a liderança brasileira não apenas clame pela paz, mas que também reconheça as complexidades e os desafios que envolvem a construção de um futuro mais justo e seguro para todos.
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*Com informações Metrópoles