As pesquisas eleitorais mais recentes revelam um cenário complicado para o presidente Lula (PT) e seu partido nas maiores cidades do Brasil. Candidatos apoiados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estão na liderança em 23 dos 103 municípios com mais de 200 mil eleitores — cidades que podem ter segundo turno. Em contrapartida, apenas 11 candidatos apoiados por Lula lideram de forma isolada, um reflexo da crescente rejeição enfrentada pelo presidente em diversas regiões do país.
Bolsonaro, mesmo afastado do poder, continua exercendo forte influência política. Seus candidatos lideram de forma expressiva em 8 das 26 capitais brasileiras, enquanto aliados de Lula, embora sejam numericamente superiores, encontram dificuldades para converter o apoio do presidente em vantagem nas urnas. Em cidades como São Paulo, Fortaleza e Rio Branco, a disputa entre candidatos apoiados pelos dois líderes está acirrada, com vantagem de Bolsonaro em diversos casos.
Um dos pontos mais notáveis da atual disputa está na estratégia adotada por candidatos de Lula em várias capitais, que têm evitado associar suas campanhas ao presidente por receio de enfrentar a rejeição que ele carrega. O caso mais emblemático é o do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), que, embora seja apoiado pelo PT, tem evitado vincular sua imagem diretamente a Lula, optando por atacar o governador Cláudio Castro (PL), aliado de Bolsonaro e do adversário Alexandre Ramagem (PL). Paes mantém uma liderança isolada na disputa pela reeleição, com chances de vitória já no primeiro turno, segundo as pesquisas mais recentes.
A cidade de Fortaleza, no Ceará, também se tornou palco de uma disputa intensa entre os dois lados. O bolsonarista André Fernandes (PL) e o petista Evandro Leitão disputam cabeça a cabeça a preferência dos eleitores. Fernandes, que começou atrás nas pesquisas, tem ganhado terreno e agora aparece empatado tecnicamente com o candidato de Lula.
A força de Bolsonaro nas eleições municipais tem surpreendido analistas políticos. Apesar de estar fora da presidência, ele tem viajado pelo Brasil, fortalecendo sua base e transferindo sua popularidade para os candidatos que apoia. “O presidente Bolsonaro gira o Brasil, sendo aclamado por onde passa, fazendo o que gosta: estar próximo do povo. Isso transfere força política aos seus candidatos”, afirmou Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação do governo Bolsonaro.
Os aliados de Bolsonaro têm mostrado força especialmente nas capitais, onde lideram isoladamente em 8 cidades. Em outras, como São Paulo e Rio Branco, a disputa com os candidatos de Lula está acirrada, com bolsonaristas despontando na reta final das campanhas.
Enquanto o PL de Bolsonaro e o PSD de Gilberto Kassab têm se destacado nas pesquisas, o PT tem enfrentado dificuldades para conquistar espaço nas maiores cidades do país. O partido de Lula lidera isoladamente em apenas 3 municípios, todos em estados onde já governa: Juiz de Fora e Contagem, em Minas Gerais, e Camaçari, na Bahia. Esse desempenho acanhado é reflexo do desgaste do governo federal, marcado por crises como o aumento das queimadas, descontrole nos gastos públicos e declarações controversas de Lula em eventos internacionais.
“O governo Lula não tem conseguido transformar sua força política em vitórias eleitorais. As pautas do governo são derrotadas, e isso reflete nas candidaturas locais”, comentou Wajngarten. Ele ainda ressaltou que o desempenho de Bolsonaro nas urnas pode ser um marco para a direita no Brasil.
No Recife, João Campos (PSB), que lidera isoladamente com 76% das intenções de voto, também optou por não recorrer ao apoio explícito de Lula. Embora o petista faça parte da base de apoio ao governo federal, a campanha de Campos tem focado em seu trabalho local e evitado associações diretas com o presidente, demonstrando que a rejeição ao PT continua forte em algumas áreas, mesmo onde o partido mantém alianças estratégicas.
O resultado dessas eleições municipais poderá ter um impacto significativo no cenário político para as eleições presidenciais de 2026. Jilmar Tatto, secretário nacional de comunicação do PT, reconhece que os resultados das urnas definirão quem estará no palanque de Lula em 2026 e quem ficará de fora. “Estamos apostando muito na reeleição do Lula, mas também estamos atentos a como essa frente ampla que ele criou se comportará. O diagnóstico a ser feito será de quem estará com Lula na próxima disputa presidencial”, afirmou Tatto.
Enquanto Lula tenta consolidar sua base, Bolsonaro se fortalece como um líder político influente, capaz de transferir votos e moldar o cenário político nas capitais e grandes cidades do país. O desafio para Lula, ao que tudo indica, será manter a unidade de sua base enquanto enfrenta uma oposição cada vez mais consolidada nas urnas.
As eleições deste ano estão sendo vistas como um teste crucial para ambos os lados, com o potencial de redefinir o mapa político do Brasil para os próximos anos.
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*Com informações Folha S.Paulo
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