Nos bastidores do Senado, um jogo político está sendo desenhado entre o PT e o senador Davi Alcolumbre (União-AP), cotado para assumir a presidência da Casa no próximo ano. O acordo que está sendo negociado entre as duas partes envolve promessas que têm como objetivo garantir a estabilidade do governo Lula e enfraquecer as forças da direita no Senado.
Um dos pontos mais sensíveis nas negociações é a questão da independência do Supremo Tribunal Federal (STF). Em um movimento que visa tranquilizar a bancada petista, Alcolumbre se comprometeu a barrar qualquer pedido de impeachment contra ministros da Suprema Corte, uma pauta que figura entre as principais bandeiras da direita no Senado. O senador Humberto Costa (PT-PE) destacou a importância dessa promessa, afirmando que o PT precisa de garantias de que a presidência do Senado não será usada como palco para atacar o STF, especialmente em um momento em que a oposição tenta mobilizar pautas contra a Corte.
Costa revelou ainda que a bancada do PT questionou diretamente Alcolumbre sobre a forma como ele lidaria com eventuais ataques ao STF. “Ele foi peremptório em dizer que não, essa pauta não faz parte do jogo que ele quer praticar lá no Senado Federal”, afirmou o petista, destacando a segurança dada pelo senador amapaense. A definição do comando do Senado, que inclui discussões sobre o futuro presidente e a formação da Mesa Diretora, está diretamente ligada ao apoio do PT a Alcolumbre, mas o partido também exige contrapartidas importantes.
Entre as exigências do PT, está a vice-presidência do Senado e o comando da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), cargos estratégicos para garantir maior influência na definição das políticas econômicas e fiscais. No entanto, essas posições já foram prometidas a outros partidos, como o PL e o MDB, o que tem gerado tensão nas conversas. Humberto Costa não escondeu a insatisfação do PT com a situação e afirmou que o partido precisa reavaliar o apoio se não houver uma redistribuição mais justa dos espaços de poder dentro do Senado.
“Se for esse o resultado final, pode ter certeza de que nós não aceitamos de bom grado”, disparou Costa, mostrando que o PT está disposto a negociar duramente para garantir uma posição de destaque e, principalmente, para proteger os interesses do governo Lula sem Congresso.
Além das questões internas no Senado, o PT também expressou sua preocupação com os projetos que tramitam na Câmara dos Deputados contra o STF, especialmente aqueles que buscam alterar a forma de julgamento das decisões da Corte. Alcolumbre, que já se posicionou contra essas iniciativas, se mostrou contrário à ideia de submissão do STF ao Parlamento, considerando absurda a proposta de que o Congresso tenha influência direta sobre as decisões dos ministros.
Com a candidatura de Alcolumbre se consolidando, as negociações começam intensas. O PT, que já tem um histórico de confronto com a direita e com setores conservadores do Congresso, está tentando se fortalecer politicamente para os próximos anos, sem abrir mão da estabilidade do governo Lula e da proteção do STF. O futuro da presidência do Senado, portanto, depende não apenas das negociações em curso, mas também da capacidade de Alcolumbre de equilibrar os interesses de diversas forças políticas em um cenário cada vez mais polarizado.
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*Com informações Metrópoles