O dólar disparou para R$ 6 pela primeira vez na história nesta quinta-feira (28), depois que o governo anunciou o tão esperado pacote de corte de gastos e a isenção do Imposto de Renda para contribuintes que ganham até R$ 5 mil. A moeda norte-americana subiu 1,30% e chegou a R$ 6,009, enquanto o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, operou em baixa de 1,25%, refletindo o descontentamento do mercado com as medidas fiscais.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acompanhado de Simone Tebet (Planejamento) e Rui Costa (Casa Civil), detalhou o pacote de cortes, que prevê uma economia de R$ 70 bilhões entre 2025 e 2026. No entanto, o anúncio foi recebido. com cautela pelos investidores, que temem que a isenção do Imposto de Renda possa prejudicar o equilíbrio fiscal. Embora a medida seja uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os economistas apontam que ela pode custar até R$ 40 bilhões anuais aos cofres públicos, o que comprometeria ainda mais a sustentabilidade das contas públicas.
Os cortes no gasto público, que incluem limitações no crescimento do salário mínimo e restrições ao abono salarial, foram vistos como uma tentativa do governo de cumprir o arcabouço fiscal e reduzir o avanço das despesas obrigatórias. No entanto, a influência indireta de impostos para a classe média baixa gerou dúvidas sobre o impacto real nas administrações do governo e se as medidas serão suficientes para evitar uma nova elevação da dívida pública.
“O mercado recebeu novidades da notícia autorizada, pois não acredita que ela vá gerar consumo suficiente para compensar a perda na arrecadação”, afirmou o economista Matheus Pizzani. A expectativa agora é de que o governo forneça mais detalhes sobre como equilibrará as receitas e os gastos para garantir que o país consiga honrar suas dívidas sem comprometer seu futuro econômico.
Com o real em queda há várias semanas e o mercado financeiro cada vez mais cauteloso, os investidores aguardam sinais claros de uma estratégia fiscal mais robusta, para que o Brasil consiga lidar com sua dívida pública de forma sustentável. Até lá, o aumento do dólar e as perdas no Ibovespa são reflexos da desconfiança gerada pelas decisões econômicas do governo.
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*Com informações G1