O dólar ultrapassou a marca de R$ 6 nesta quinta-feira (28), provocando um terremoto no mercado financeiro e reacendendo críticas à política econômica do governo Lula (PT). Com o real acumulando uma desvalorização de 19,1% em 2024, a oitava maior do mundo, o governo reagiu culpando o mercado financeiro e a gestão do Banco Central, liderado por Roberto Campos Neto.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, minimizou o impacto das recentes medidas fiscais e atribuiu a instabilidade ao “ruído” em torno da reforma do Imposto de Renda, que só deve ser enviada ao Congresso em 2024. “Havia uma confusão muito grande em relação à reforma da renda. À medida que vamos explicando, as pessoas vão entender”, afirmou Haddad, que permitiu a possibilidade de novas medidas para ajustar as contas públicas.
Enquanto isso, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, intensificou as críticas ao Banco Central, acusando a instituição de boicotar o governo e alimentar a especulação contra o real. “Estamos em contagem regressiva para um Banco Central que tenha um olhar para o Brasil. Não podemos aceitar que o atual presidente, Campos Neto, continue a prejudicar o país com uma postura de omissão e sabotagem”, declarou Costa, alinhando-se a lideranças do PT que pedem intervenção no câmbio.
Anunciado como uma solução para equilibrar as contas públicas, o pacote de ajuste fiscal foi recebido com ceticismo por economistas e investidores. Apesar da promessa de economia de R$ 327 bilhões até 2030, projeções mais conservadoras, como a do economista Felipe Salto, indicam um impacto menor, de R$ 45,1 bilhões até 2026.
Para os analistas, os cortes de gastos propostos, incluindo restrições ao abono salarial e aumento de tributos sobre os super-ricos, são insuficientes para conter o crescimento da dívida pública. Marcos Mendes, do Insper, alertou que medidas tímidas não serão capazes de reverter o quadro fiscal crítico, exigindo receitas adicionais para evitar o colapso.
A escalada do dólar reflete não apenas dúvidas sobre a eficácia das políticas econômicas, mas também uma crise de confiança entre o governo, o mercado e o Banco Central. Enquanto o presidente Lula classifica as medidas como “extraordinárias”, o mercado enxerga fragilidades no compromisso fiscal e critica o tom conflitante do Planalto.
A situação acentua a pressão política sobre o governo, que busca aprovar as medidas no Congresso ainda em 2024. Com o dólar em alta, o cenário ameaça encarecer insumos importados, aumentar a inflação e dificultar o crescimento econômico, testando a capacidade do governo de recuperação a adicionar e evitar um impacto eleitoral em 2026.
Quem aposta contra o Brasil vai perder , afirma Rui Costa. No entanto, para muitos, o maior desafio está dentro do próprio governo: restaurar a confiança perdida.
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*Com informações Metrópoles