A situação política de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nunca foi tão delicada. Desesperado por apoio, o presidente intensificou suas relações com Hugo Motta (Republicanos-PB) e Davi Alcolumbre (União-AP), os novos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, respectivamente. Em uma tentativa de garantir uma base sólida no Congresso, Lula faz uma viagem ao Amapá nesta quinta-feira (13) ao lado de Alcolumbre, um gesto que sublinha o tamanho do esforço de aproximação.
A maré de alianças e distensionamento vem após semanas de tensão. O PT cedeu apoio a Motta para a sua candidatura à presidência da Câmara, mas não sem desconforto. Sua ligação com o ex-presidente da Casa, Eduardo Cunha, acendeu um sinal vermelho dentro do partido, acentuando as críticas e colocando o governo Lula contra a parede. Motta, por sua vez, não hesitou em se distanciar do governo quando o tema é polêmico, como no caso do projeto de lei que visa a anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, que ele não classifica como golpe.
Mas, Lula sabe que não pode vacilar. A pressão para manter uma maioria sólida no Legislativo é palpável e crescente. O petista não esconde que a boa vontade dos parlamentares da base governista é vital para aprovar os projetos mais urgentes do governo. Em um momento de fragilidade, cada movimento de aproximação com os líderes do Congresso é crucial, e Lula parece ter em mente que não pode perder essa chance.
No Senado, Alcolumbre, que já foi próximo de Bolsonaro e presidiu a Casa durante um dos períodos mais críticos da história política recente, também representa um risco. Contudo, o governo tenta vender a imagem de que a relação entre o Planalto e o Senado está em um novo patamar, com Alcolumbre, agora, alinhado com as diretrizes de Lula, especialmente no que tange à liberação do petróleo na Foz do Amazonas. Alcolumbre se coloca como uma chave para dinamizar as políticas do governo, um papel de peso que o petista não pode ignorar, ainda mais após o desgaste com a burocracia do Ibama que emperrou o processo de perfuração na região.
A busca incessante pela colaboração de Motta e Alcolumbre reflete o desespero de Lula em garantir a estabilidade política necessária para avançar em sua agenda. No entanto, o jogo político está longe de ser fácil. A tensão entre a necessidade de construir alianças e os desafios internos no PT, somados à complexa relação com parlamentares que têm uma história de proximidade com figuras como Cunha e Bolsonaro, coloca o governo Lula em uma posição vulnerável.
A realidade é clara: sem o apoio desses líderes, Lula sabe que seu governo pode entrar no colapso legislativo. A cada movimento, o presidente tenta ceder para manter a aparente harmonia no Congresso, mas os próximos passos podem ser decisivos para o futuro político do país.
Receba as principais notícias do Brasil pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do WK Notícias e siga nossas redes sociais.
*Com informações Metrópoles