A presença de líderes evangélicos tem ganhado destaque na política brasileira, tanto em nível local quanto nacional. Em Campo Grande, a Câmara de Vereadores reflete essa tendência, com pastores ocupando cargos estratégicos na Mesa Diretora e nas comissões mais importantes. Paralelamente, o Congresso Nacional segue a mesma linha, com um número expressivo de parlamentares vinculados à bancada evangélica influenciando pautas relevantes.
Na capital sul-mato-grossense, o vereador Epaminondas Vicente Silva Neto, conhecido como Papy (PSDB), pastor da Igreja El Shaddai Comunidade Cristã, assumiu a presidência da Mesa Diretora, cargo que até então era ocupado por Carlão (PSB), cuja atuação estava mais voltada para a habitação. Outro exemplo é Clodoilson Pires (PODE), pastor da Igreja Evangélica Comunidade Global, que lidera a Comissão Permanente de Legislação, Justiça e Redação Final (CCJ), a mais importante da Casa. Essa comissão é responsável por decidir a viabilidade e a tramitação dos projetos apresentados.
A transição dessas posições para líderes religiosos marca uma mudança no foco legislativo da Câmara. Antes, os cargos eram ocupados por parlamentares com bandeiras mais diversificadas, como Otávio Trad (PSD), que priorizava temas ligados ao bem-estar social. Agora, a pauta religiosa ocupa lugar central, como demonstram os 7 dos 12 projetos aprovados na primeira sessão ordinária deste ano, todos com vínculos diretos à religião.
Entre os novos integrantes da Câmara está o vereador Neto Santos (Republicanos), pastor da Igreja Universal, que apresentou como primeira proposta o Projeto de Lei 11.561/25, que institui o Dia Municipal da Igreja Universal do Reino de Deus. A data, marcada para 9 de julho, homenageia o trabalho espiritual e social da instituição.
Outro parlamentar do Republicanos, Herculano Borges, pastor auxiliar da Igreja FIT (Fé Invadindo a Terra), também destaca a agenda religiosa em suas iniciativas. Recentemente, ele conseguiu a aprovação de seis Projetos de Decreto Legislativo concedendo títulos de visitante ilustre a líderes evangélicos, como apóstolos e pastores renomados.
Além disso, a Câmara de Campo Grande mantém a medalha legislativa comemorativa do Dia do Obreiro Evangélico, celebrada em novembro. Instituída em 2023, a medalha teve seu nome alterado em 2024 para “Pastor Gomes”, em homenagem a uma das principais lideranças evangélicas da cidade.
O cenário local reflete uma movimentação que também ocorre em âmbito nacional. Atualmente, 219 dos 513 deputados federais compõem a bancada evangélica, enquanto no Senado o grupo representa 26 dos 81 senadores. Esse fortalecimento é visto como resultado de um movimento político que se intensificou na última década, principalmente em resposta ao desgaste das pautas progressistas e à ascensão de uma nova direita no país.
O crescimento dessa bancada está diretamente relacionado ao contexto político brasileiro. Após quase uma década de governos de esquerda e o desgaste natural desse período, as lideranças evangélicas passaram a se reorganizar e conquistar maior protagonismo, o que tem influenciado diretamente a tramitação de pautas legislativas.
Em Campo Grande, a Frente Parlamentar Cristã em Defesa da Família, criada em 2021, deve retomar suas atividades. Formada por vereadores evangélicos e católicos, o grupo pretende defender valores cristãos e familiares. Segundo Clodoilson Pires, uma reunião será marcada nas próximas semanas para alinhar as diretrizes e composição do colegiado.
O pastor Herculano Borges também confirmou sua intenção de participar ativamente da Frente, reforçando a presença da bancada evangélica no legislativo municipal. “Nossa ideia é dar sequência a esse trabalho e fortalecer ainda mais os valores cristãos nas decisões políticas”, afirmou.
A crescente representatividade evangélica, tanto em Campo Grande quanto no Congresso, aponta para uma transformação nas prioridades legislativas, com impacto direto nas políticas públicas e no debate nacional. O protagonismo religioso está cada vez mais consolidado como uma força influente no cenário político brasileiro.
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*Com informações Midiamax
