Desde o início de seu terceiro mandato, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem buscado estabelecer uma relação política mais suave com o Senado, em contraste com a turbulência vivida com a Câmara dos Deputados. Na tentativa de garantir maior estabilidade política, o presidente tem se aproximado do novo chefe do Poder Legislativo, o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), com quem mantém uma aliança de conveniência que promete rendimentos tanto para o governo quanto para o senador.
O jogo de interesses, no entanto, vai além das boas intenções. Em uma movimentação estratégica, Alcolumbre demonstrou sua influência ao adiar a pauta sobre a anistia para condenados por atos golpistas, justamente no dia em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciava Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado. "Não é um assunto dos brasileiros", declarou o presidente do Senado, afastando de vez qualquer especulação sobre o tema, ao mesmo tempo em que assegurava uma vitória política ao governo com a aprovação de um projeto que autoriza o pagamento de emendas parlamentares, somando 2,6 bilhões de reais aos cofres públicos.
Em uma relação de troca mútua, a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, uma pauta do interesse de Alcolumbre por ser do Amapá, seu estado natal, passou a ser defendida publicamente por Lula. Após cobranças do senador sobre a demora na liberação da licença ambiental pelo Ibama, o presidente se viu forçado a se posicionar a favor da exploração na região, minimizando impactos ambientais e, ao mesmo tempo, consolidando sua aliança política com o Congresso.
Com a sua base de apoio política cada vez mais fragilizada, Lula parece entender que a manutenção de poder no governo depende de alimentar a relação com aliados como Alcolumbre, cujos interesses se alinham com os do governo, mas que também demandam gestos políticos claros e imediatos.
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*Com informações Veja
