O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inicia uma nova rodada de negociações para a reforma ministerial em meio a crescentes pressões para reaproximar sua gestão dos movimentos sociais, historicamente alinhados ao PT. Após dois anos de governo marcados por frustrações nesse segmento, conselheiros do presidente alertam sobre os impactos negativos dessa desconexão nas eleições de 2026, destacando o desafio de mobilizar a base que outrora foi essencial para o sucesso de Lula.
A Secretaria-Geral da Presidência surge como o principal foco de articulações. Após a saída de Gleisi Hoffmann, que assumiu a Secretaria de Relações Institucionais, nomes como Guilherme Boulos (PSOL) e Paulo Pimenta (PT) ganharam destaque nos bastidores. Entretanto, a possibilidade de ampliar o espaço do PSOL na Esplanada gera resistência interna, com petistas avaliando que a sigla já está sobre-representada com o comando do Ministério dos Povos Indígenas.
Essa negociação revive antigos debates, como a sugestão de filiação de Boulos ao PT, hipótese que esbarra na resistência do deputado, mas que poderia ampliar suas chances em disputas futuras, conforme articuladores do partido.
Outra pasta sob avaliação é o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, liderado por Paulo Teixeira. Apesar das críticas por parte dos movimentos de terra, que cobram avanços na reforma agrária, Lula parece inclinado a manter Teixeira no cargo. A confirmação dessa posição será testada nos próximos dias, quando o presidente e o ministro visitarão assentamentos do MST em Minas Gerais.
Desde o início do terceiro mandato, o governo Lula passou por nove mudanças ministeriais e ampliou para 38 o número de pastas, consolidando o PT como o partido com maior representatividade. No entanto, a base do governo segue fragmentada, com nove partidos representados, e há dúvidas sobre a eficácia das mudanças recentes, que incluíram a entrada de nomes como Gleisi Hoffmann e Alexandre Padilha em cargos estratégicos.
Com as últimas alterações, o PT agora comanda 12 ministérios, enquanto partidos aliados, como PSB, MDB e PSD, mantiveram suas posições iniciais. Ainda assim, a reforma tenta equilibrar demandas internas e externas, acenando tanto à base histórica do presidente quanto a novos apoios para garantir a estabilidade política.
A crescente insatisfação dos movimentos sociais, combinada com o temor de desmobilização para 2026, lança um alerta ao governo. Lula terá que equilibrar interesses partidários e sociais em um momento decisivo, em que a confiança da base histórica e a força de sua articulação política serão postas à prova.
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*Com informações CNN e Veja