Sexta, 05 de Setembro de 2025
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Crise interna no PT: Racha entre Anielle Franco e Washington Quaquá ameaça estabilidade do governo Lula

Trocas de acusações e disputas internas no PT expõem fragilidade do partido em ano eleitoral e podem afetar as estratégias para 2026

06/03/2025 às 10h12
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

A tensa disputa interna entre a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e o vice-presidente nacional do PT, Washington Quaquá, segue ganhando novos capítulos. As trocas públicas de acusações e os pedidos de investigação no Conselho de Ética do partido colocam em risco a unidade da sigla, que já enfrenta desafios de popularidade no governo de Lula.

A briga, que tem raízes profundas no Rio de Janeiro, onde ambos os protagonistas atuam, foi recentemente levada ao Tribunal de Contas da União (TCU), revelando a magnitude do embate. Para especialistas, a disputa vai além das fronteiras locais e pode impactar diretamente o cenário eleitoral de 2026, afetando também o governo Lula em um momento de crise de popularidade.

Quaquá, membro de uma ala mais tradicional e marxista do PT, tem defendido publicamente a candidatura de Eduardo Paes (PSD) como vice de Lula nas próximas eleições. Segundo ele, essa aliança fortaleceria a candidatura do partido, atraindo o PSD e o MDB, e ajudaria a isolar os aliados de Bolsonaro no Rio de Janeiro. No entanto, ele enfrenta obstáculos, como a relutância de Gilberto Kassab, líder do PSD, e a estratégia de neutralidade do MDB.

Simultaneamente, Quaquá intensifica o embate com Anielle Franco, que pertence a uma ala do PSOL e tem proximidade com a primeira-dama, Janja da Silva. A ministra, irmã de Marielle Franco, vereadora assassinada em 2018, se vê alvo de críticas pesadas por parte do vice-presidente do PT, que a acusa de tentar se promover politicamente com o caso de sua irmã.

Os desentendimentos começaram em janeiro, quando Quaquá publicou uma foto com familiares de Domingos e Chiquinho Brazão, investigados pela morte de Marielle. A ministra reagiu com indignação, pedindo respeito à memória de sua irmã. Mas o embate se intensificou em fevereiro, quando Quaquá sugeriu que Anielle indicou um “funcionário fantasma” durante a gestão anterior em Maricá, acusação que a ministra negou categoricamente, alegando perseguição política.

No entanto, especialistas alertam que essa disputa não se resume a um conflito pessoal. Clarissa Andrade, especialista em gerenciamento de crises, destaca que a inação do partido diante do impasse pode ter repercussões sérias, não só para o PT, mas também para a imagem do governo Lula. A especialista observa que, além do desgaste interno, a crise pode afetar a corrida eleitoral de 2026.

As acusações de Quaquá em relação à ministra também envolvem denúncias de favorecimento em processos seletivos para consultores do Ministério da Igualdade Racial, como o caso de Alex da Mata Barros, apontado como um possível "funcionário fantasma". Além disso, investigações revelaram que alguns dos contratados para o projeto "Gente Negra Reconstrução e Desenvolvimento", financiado pelo Banco CAF, têm vínculos estreitos com Anielle Franco, incluindo amigas pessoais e até sua madrinha de casamento.

Embora a ministra tenha negado qualquer irregularidade, o caso gerou uma onda de críticas dentro do PT. Tiago Santana, presidente do PT no Rio de Janeiro, se manifestou publicamente em defesa de Anielle, repudiando as acusações de Quaquá e denunciando o que considera um ataque à mulher negra em uma posição de poder.

Enquanto isso, Quaquá segue defendendo sua posição e insistindo na inocência dos envolvidos nas investigações sobre o assassinato de Marielle. Para Gustavo Alvos, cientista político, esse cenário de racha interno enfraquece ainda mais o PT, que já enfrenta uma crescente queda em popularidade. “O PT parece não ter conseguido administrar essas crises internas de maneira eficaz, o que só aumenta o desgaste no governo Lula, que já enfrenta sua pior aprovação histórica”, afirma Alvos.

Diante desse cenário, o PT enfrenta um dilema: lidar com uma crise interna crescente ou arriscar uma escalada que pode prejudicar suas estratégias políticas e eleitorais nos próximos anos.

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*Com informações Gazata do Povo

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