Luiz Inácio Lula da Silva declarou ser contra a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Manifestações, para não criar “um tumulto”, além de “não ajudar” a chegar aos responsáveis.
“O que nós podemos investigar numa CPI que a gente não possa investigar aqui e agora?”, interpelou, durante entrevista à GloboNews, na quarta-feira (18).
Lula não concorda investigar as manifestações, mas é a favor em manter 1.300 manifestantes presos.
“Nós estamos investigando, tem mil e trezentas pessoas presas. O que você pensa que a gente vai ganhar com uma CPI? Nós temos instrumentos para fiscalizar o que aconteceu nesse país. Uma comissão de inquérito pode não ajudar e ela pode criar uma confusão tremenda. Nós não precisamos disso.”
"É uma decisão do Congresso Nacional, não é minha. Portanto, os partidos políticos, na Câmara e no Senado é que vão decidir", declarou.
O Petista deveria ser o mais interessado em identificar os culpados, mas prefere deixar no anonimato. Isso gera uma certa dúvida sobre os infiltrados nos atos do dia 8 de janeiro, na população contra sua permanência no governo. "Se, por acaso, eles me pedissem um conselho – que é difícil pedir conselho – eu dizia: não façam CPI, porque não vai ajudar", acrescentou.
A ideia de abrir uma CPI partiu do próprio PT, no dia seguinte à invasão ao Palácio do Planalto, que chegou a recolher assinaturas no Congresso Nacional. A legenda, contudo, agora quer “cautela”. Lula disse que, se for consultado por aliados, vai recomendar não abir a CPI.
No Senado, o requerimento de criação, apresentado pela senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS), já ultrapassou o mínimo necessário de apoios – 27 senadores. Soraya defende a instalação da CPI para apurar a organização, o financiamento e autoria dos ataques em Brasília.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), chegou a classificar a instalação da CPI como "muito pertinente" e "adequada".
Já o deputado federal Zeca Dirceu, filho do ex-ministro Zé Dirceu, não apoia a CPI. “Pode ser um elemento de confusão, desagregação e divisão”, observou o parlamentar.