A corrida pelo Senado Federal em Mato Grosso do Sul começa a se esquentar, e um evento recente do Conselho de Pastores de Campo Grande trouxe uma reviravolta inesperada. Num contexto pouco habitual para o lançamento de candidaturas, o Apóstolo Dinho, uma figura reservada no que se refere a politicagem, anunciou a vice-prefeita de Dourados, esposa do deputado Rodolfo Nogueira, Gianni Nogueira, como pré-candidata ao Senado. O detalhe que mais chamou a atenção foi a informação de que a escolha teria sido uma indicação direta do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Essa decisão pegou muita surpresa, principalmente porque a base de apoio bolsonarista já conta com nomes tradicionais da política estadual, como Reinaldo Azambuja e Nelsinho Trad. O que poderia ter motivado Bolsonaro a dar luz verde a uma candidatura tão cedo, e sem a união dentro do campo evangélico? Nos bastidores, o movimento tem gerado uma leitura de que o ex-presidente pode ter "queimado a largada", acelerando uma ação sem o devido preparo, o que poderia causar desgastes entre seus aliados.
Ao anunciar a candidatura no Café dos Pastores, Apóstolo Dinho reforçou a importância de uma representação evangélica no Senado. No entanto, a escolha de um nome sem uma conexão mais profunda com o segmento cristão gerou um questionamento importante. O próprio presidente do Conselho de Pastores de Mato Grosso do Sul, Wilton Acosta, destacou que a escolha de um pré-candidato ao Senado deveria ser uma decisão mais coletiva e alinhada aos anseios dos segmentos. A falta de um histórico robusto da vice-prefeita de Dourados com causa evangélica se tornou um ponto de preocupação.
Outro aspecto que não pode ser ignorado é a necessidade de um nome que não só representa, mas que também tem qualificação para enfrentar o ativismo judicial crescente no país. O Senado é um dos pilares que barram as interferências do Judiciário, e um candidato sem preparação ou engajamento real com os valores cristãos poderia enfraquecer essa luta.
A jogada de Bolsonaro, ao antecipar um nome, pode ser vista como uma tentativa de medir reações no cenário político. Porém, o movimento também abre margem para questionamentos sobre a sustentação dessa candidatura. Em um momento decisivo para a política de Mato Grosso do Sul, a candidatura evangélica precisa ser muito mais do que uma movimentação antecipada. Para se tornar uma força de verdade, deverá ser construída com mais respaldo e conexão genuína com o segmento.
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