O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a adotar um tom de confronto neste domingo (6), durante manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo, ao criticar duramente o Supremo Tribunal Federal (STF) pelas condenações relacionadas aos atos de 8 de janeiro de 2023. Em entrevista ao portal Metrópoles antes de discursar no carro de som, Bolsonaro classificou as decisões da Corte como “tentativa de golpe” e pediu urgência na aprovação da anistia para os réus.
“Não consigo entender como um ministro vota por condenar até 17 anos de prisão pessoas idosas, mães que não têm nem passagem pela polícia. Isso é completamente infundado”, disparou o ex-presidente. Ele citou os ministros Kassio Nunes Marques e André Mendonça como exemplos a serem seguidos, e fez menção ao pedido de vista do ministro Luiz Fux no julgamento que pode torná-lo réu por tentativa de golpe de Estado.
Bolsonaro também ironizou a narrativa de que teria planejado uma sublevação: “Você acha que uma senhora de 74 anos tem condições de dar um golpe? Que golpe é esse que nem o Mossad ficou sabendo? Golpe sem armas, sem tropas?”, questionou. Ele voltou a alegar que estava fora do país no dia 8 de janeiro e negou qualquer envolvimento com os atos.
O ex-presidente criticou o uso de delações premiadas, especialmente a de Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens. “A última [delação] foi mediante ameaça do ministro de ver seu pai, esposa e filho condenados. Isso é delação ou é coação?”, indagou, citando falas da ministra Cármen Lúcia e do ministro Gilmar Mendes como críticas à forma como o instrumento tem sido utilizado.
Na entrevista, Bolsonaro disse acreditar que o projeto de anistia será aprovado com apoio do Parlamento e dos governadores. “Essas manifestações populares ajudam. Os governadores aqui presentes apoiarão a pauta e vão influenciar seus deputados”, afirmou, referindo-se, inclusive, ao governador Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), presente no ato.
Sobre a eleição de 2026, Bolsonaro disse estar à disposição do PL, mas minimizou especulações: “Nunca estive longe de nenhum presidenciável. Cada um será candidato por seu partido.”
Com a estratégia de vitimização dos presos, deslegitimação do STF e discurso inflamado pela anistia, Bolsonaro reforça sua base e pressiona o Congresso a votar a proposta, enquanto segue tentando limpar sua própria ficha no xadrez jurídico e político que se desenha para os próximos anos.
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*Com informações Metrópoles