Em um movimento que mistura habilidade política e oportunismo, o deputado Hugo Motta, presidente da Câmara, tenta reescrever o desfecho para os condenados pelo 8 de janeiro. Sob pressão de bolsonaristas que exigem a votação de um projeto de anistia e alinhado às expectativas do STF, Motta agora defende um abrandamento das sentenças, evitando uma solução definitiva, mas polêmica.
A proposta, apresentada como uma forma de “pacificação nacional”, soa como música para alguns ouvidos em Brasília. A ideia, segundo Motta, é encontrar um meio-termo entre os Três Poderes, transferindo o foco das punições para os líderes do movimento – incluindo Jair Bolsonaro – e poupando os envolvidos de menor relevância com sentenças mais leves. “É preciso buscar entendimento. Todos os lados têm um papel a cumprir”, declarou o parlamentar.
Essa estratégia agrada a setores do governo, que veem na proposta uma oportunidade de neutralizar o discurso bolsonarista e consolidar Lula como um líder misericordioso. Para o STF, representa uma chance de aliviar a imagem de severidade excessiva, assumindo uma posição de conciliação. Mas, para críticos, o gesto tem mais a ver com cálculo político do que com justiça.
A decisão de aliviar as condenações, no entanto, carrega o peso de um dilema ético. Seria esse abrandamento uma forma de evitar confrontos institucionais, ou apenas um artifício para redistribuir as cartas do jogo político? Ao isolar os líderes, o projeto poderia alimentar o discurso de perseguição, enquanto as punições reduzidas deixariam um sabor amargo para quem acredita na integridade das instituições.
Por trás da narrativa de pacificação, os brasileiros podem estar assistindo à construção de uma ilusão cuidadosamente arquitetada. Se a política é uma arte de negociar, a Justiça, neste caso, pode estar sendo tratada como um jogo de conveniências. E, em meio a isso, permanece a dúvida: o que realmente guia a mão daqueles que hoje buscam aliviar as consequências de um dos momentos mais tensos da nossa história recente?
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*Com informações Metrópoles