A recusa do ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em assinar o requerimento de urgência para o projeto de anistia aos condenados pelos eventos de 8 de janeiro causou surpresa entre os bolsonaristas, mas não abalou a confiança de lideranças da oposição. Lira, que ficou de fora da lista dos 264 deputados que endossaram o pedido de urgência, afirmou, por meio de sua assessoria, que votará a favor do mérito do projeto quando a votação finalmente acontecer.
Apesar do veto à urgência, o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), responsável pela articulação da anistia, manteve a esperança. Durante uma ligação, Cavalcante fez um apelo final para que Lira apoiasse a urgência do projeto. Porém, o ex-presidente da Câmara manteve sua posição firme de não assinar o requerimento.
Essa postura de Lira, mesmo com o afastamento de sua proximidade com o governo Bolsonaro, é vista como um movimento estratégico em sua atuação política. Desde que deixou o comando da Câmara, em fevereiro, Lira tem sido considerado um nome cotado para ocupar um ministério no governo Lula, além de estar atualmente relator da reforma do Imposto de Renda, projeto prioritário da atual gestão.
Embora a recusa à urgência tenha gerado desconforto, o PP de Lira segue com um apoio expressivo à anistia, sendo o partido que mais contribuiu com assinaturas, proporcionalmente, entre as siglas com ministérios no governo Lula. Ao todo, o PP forneceu 35 assinaturas para a urgência, o que representa 72,92% de sua bancada, composta por 48 deputados.
Entre os signatários está o próprio líder do partido na Câmara, Dr. Luizinho (RJ), e o segundo-secretário da Câmara, Lula da Fonte (PP-PE). Com o comando do Ministério do Esporte, o PP, embora sempre se declare “independente” em relação ao governo no Congresso, segue jogando um jogo estratégico que visa consolidar sua força tanto no governo atual quanto nas articulações para o futuro.
Esse episódio revela a tensão política entre os interesses do PP e a crescente polarização no Congresso, onde Lira, ainda um dos maiores articuladores políticos do país, se vê forçado a equilibrar sua aliança com o governo Lula e a pressão de seu próprio partido e aliados.
Receba as principais notícias do Brasil pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do WK Notícias e siga nossas redes sociais.