A publicação do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), nesta terça-feira (15), deixou claro que a discussão sobre o projeto de anistia será cercada por estratégias políticas e recados implícitos. Em sua mensagem na rede social X, Motta afirmou que “em uma democracia, ninguém tem o direito de decidir nada sozinho”, destacando a importância de ponderar o impacto de cada pauta para as instituições e para a população.
A declaração foi interpretada por aliados como um aviso direto à oposição, que na segunda-feira (14) protocolou o requerimento de urgência para o projeto de anistia, pressionando o presidente da Câmara a pautá-lo. Hugo Motta sinalizou que não ignorará as 264 assinaturas reunidas pela oposição, mas indicou que a decisão será submetida ao colégio de líderes.
Enquanto a oposição aguarda com ansiedade a tramitação do projeto, Motta reforçou que não decidirá de forma unilateral, evitando desgastes políticos e institucionais. “Democracia é discutir com o colégio de líderes as pautas que devem avançar. Em uma democracia, ninguém tem o direito de decidir nada sozinho”, declarou.
Por outro lado, o recado ao Palácio do Planalto foi igualmente incisivo: sem articulação política eficiente, o governo corre o risco de ver o avanço de uma pauta que pode causar embaraços tanto na Câmara quanto no Senado. Segundo fontes próximas, Motta não está disposto a assumir o desgaste de abrir o debate, ciente das possíveis dificuldades de aprovação no Senado e da ameaça de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF).
Atualmente em viagem pessoal, Motta deixou claro que só tratará do tema após o feriado de Páscoa, quando retornará a Brasília para reunir os líderes partidários. A decisão de postergar o debate reforça sua intenção de preservar a governabilidade e evitar divisões precipitadas no Congresso.
Apesar disso, aliados confirmaram que o presidente da Câmara tem buscado alternativas ao projeto de anistia, em articulação com o governo Lula e o STF. Entre as opções debatidas, destaca-se a possibilidade de revisão das penas, o que poderia oferecer uma solução intermediária sem necessidade de avançar com o polêmico projeto.
Hugo Motta se posiciona como peça central em um embate que envolve governo, oposição e a sociedade. Sua postura reflete o desafio de liderar uma Casa dividida, ao mesmo tempo em que evita assumir o protagonismo em um tema explosivo.
A expectativa é de que o colégio de líderes, convocado para a próxima semana, seja o palco das primeiras discussões formais sobre o futuro do projeto de anistia. Enquanto isso, tanto o Palácio do Planalto quanto os bolsonaristas permanecem atentos às movimentações de Motta, que se esforça para equilibrar pressões internas e externas sem comprometer sua liderança.
Receba as principais notícias do Brasil pelo WhatsApp. Clique aqui para entrar na lista VIP do WK Notícias.
*Com informações Metrópoles