O terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva começou com uma certeza: a relação com o Congresso seria difícil. Com bancadas minoritárias na Câmara e no Senado, e um Centrão cada vez mais empoderado, o presidente sabia que sua base de apoio era volúvel, principalmente após os generosos repasses de emendas parlamentares que garantiram à classe política autonomia e influência.
Para tentar equilibrar as forças, Lula se viu forçado a acomodar partidos de centro em seu ministério, distribuindo pastas ao MDB, PSD, União Brasil, PP e Republicanos. Essas concessões renderam vitórias pontuais, como a aprovação do novo marco fiscal e da reforma tributária. No entanto, a paz política nunca foi uma realidade entre o Palácio do Planalto e o Parlamento. A insatisfação, de ambos os lados, logo se fez ouvir, com queixas de um lado e de outro sobre o que foi oferecido e o que ficou de fora.
As derrotas começaram a se acumular. No dia 14 deste mês, uma ofensiva da oposição protocolou um requerimento de urgência para o projeto de anistia aos acusados de tentativa de golpe em 8 de janeiro. O mais alarmante é que o pedido teve o apoio de 262 deputados, sendo que 41 dos 59 parlamentares do União Brasil assinaram o documento, uma clara mostra de insubordinação dentro da base governista.
Lula, em sua tentativa de controlar a situação, espalhou rumores de punições contra os aliados rebeldes. No entanto, mais uma vez, nada aconteceu. A crise ficou ainda mais evidente com a recusa do líder do União Brasil, Pedro Lucas Fernandes, de assumir o Ministério das Comunicações, uma pasta que havia sido anunciada com grande expectativa.
A incapacidade de retaliar, mesmo após esses golpes políticos, reflete a fragilidade do presidente no cenário atual. Lula se vê acuado, com uma popularidade em queda, falta de confiança entre os agentes econômicos e, mais alarmante, o temor de que o Centrão se volte contra ele. A razão para tal inação é clara: o presidente não pode perder o apoio de partidos centristas, essenciais para a aprovação de projetos-chave e, mais importante, para sua sobrevivência política em 2026.
Lula, com sua experiência política, sabe que enfrentar o Centrão de frente é uma perda de tempo. Sem alternativas viáveis, ele prefere engolir os desaforos e manter os aliados em sua órbita, aceitando as afrontas e as humilhações com a esperança de que, em um futuro não tão distante, a situação possa se reverter. Neste momento, ele se vê refém de um jogo político onde, ao que tudo indica, é o Centrão quem detém o poder.
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*Com informações Veja