A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte Público jogou luz sobre um problema crônico e negligenciado em Campo Grande: a superlotação nos ônibus, que segue sem punição efetiva. Em audiência na última quarta-feira (14), o diretor-presidente da Agetran, Paulo da Silva, admitiu que a agência simplesmente não aplica multas contra o Consórcio Guaicurus por ônibus lotados, sob a desculpa de que não há respaldo legal no contrato firmado há mais de uma década.
Enquanto milhares de usuários sofrem diariamente com veículos abarrotados, a Agetran se esquiva da responsabilidade, criando um cenário de impunidade que revela falta de compromisso com a qualidade do serviço público. Para os vereadores da CPI, essa justificativa é inadmissível: “A autuação por superlotação não precisa de burocracia nem abordagem, pode ser feita visualmente, e a população merece respeito e soluções concretas”, afirmou o presidente da comissão, vereador Dr. Lívio.
Além disso, a fiscalização parece ser apenas formalidade: a agência emite cerca de 600 multas mensais por outras infrações, mas nenhuma foi paga pelo Consórcio, que insiste em recorrer e protelar o cumprimento das penalidades. A CPI já requisitou relatórios detalhados para entender como essa estratégia vem sendo usada para driblar a lei e manter o monopólio de um serviço precário.
No meio dessa crise, a frota do Consórcio Guaicurus opera com números que parecem insuficientes diante da demanda crescente, agravando ainda mais o desconforto e o risco à segurança dos passageiros, principalmente em horários de pico e eventos especiais.
A audiência revelou não só a fragilidade da fiscalização, mas também a conivência de um sistema que privilegia interesses privados em detrimento do cidadão comum. A CPI não pretende baixar a guarda e convocará o ex-diretor-presidente da Agetran na próxima segunda-feira (19) para aprofundar as investigações e cobrar respostas efetivas.
Enquanto isso, o usuário do transporte coletivo continua sendo o maior prejudicado — obrigado a enfrentar superlotação sem qualquer garantia de melhora ou punição aos responsáveis.
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