Domingo, 02 de Novembro de 2025

Superlotação no transporte público em Campo Grande segue impune: Agetran não multa e população sofre

CPI expõe ausência de fiscalização efetiva e conivência com o Consórcio Guaicurus, que ignora reclamações de usuários

15/05/2025 às 08h34
Por: Tatiana Lemes
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Foto: Izaías Medeiros
Foto: Izaías Medeiros

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Transporte Público jogou luz sobre um problema crônico e negligenciado em Campo Grande: a superlotação nos ônibus, que segue sem punição efetiva. Em audiência na última quarta-feira (14), o diretor-presidente da Agetran, Paulo da Silva, admitiu que a agência simplesmente não aplica multas contra o Consórcio Guaicurus por ônibus lotados, sob a desculpa de que não há respaldo legal no contrato firmado há mais de uma década.

Enquanto milhares de usuários sofrem diariamente com veículos abarrotados, a Agetran se esquiva da responsabilidade, criando um cenário de impunidade que revela falta de compromisso com a qualidade do serviço público. Para os vereadores da CPI, essa justificativa é inadmissível: “A autuação por superlotação não precisa de burocracia nem abordagem, pode ser feita visualmente, e a população merece respeito e soluções concretas”, afirmou o presidente da comissão, vereador Dr. Lívio.

Além disso, a fiscalização parece ser apenas formalidade: a agência emite cerca de 600 multas mensais por outras infrações, mas nenhuma foi paga pelo Consórcio, que insiste em recorrer e protelar o cumprimento das penalidades. A CPI já requisitou relatórios detalhados para entender como essa estratégia vem sendo usada para driblar a lei e manter o monopólio de um serviço precário.

No meio dessa crise, a frota do Consórcio Guaicurus opera com números que parecem insuficientes diante da demanda crescente, agravando ainda mais o desconforto e o risco à segurança dos passageiros, principalmente em horários de pico e eventos especiais.

A audiência revelou não só a fragilidade da fiscalização, mas também a conivência de um sistema que privilegia interesses privados em detrimento do cidadão comum. A CPI não pretende baixar a guarda e convocará o ex-diretor-presidente da Agetran na próxima segunda-feira (19) para aprofundar as investigações e cobrar respostas efetivas.

Enquanto isso, o usuário do transporte coletivo continua sendo o maior prejudicado — obrigado a enfrentar superlotação sem qualquer garantia de melhora ou punição aos responsáveis.

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