Diante da bombástica decisão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, o governo Lula corre para conter os danos políticos e econômicos. Em uma ofensiva articulada às pressas no Palácio do Planalto, o presidente decidiu atuar em três frentes: técnica, diplomática e política — todas com o objetivo de abafar o desgaste e transferir responsabilidades.
Na frente técnica, Lula mandou convocar setores da economia mais afetados, especialmente do agronegócio, tradicionalmente crítico ao PT. O plano, segundo ministros, é construir uma “linha de proteção” e tentar suavizar o impacto do tarifaço. A tentativa é, ainda, uma manobra política para reconquistar empresários refratários ao atual governo.
No plano diplomático, os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Itamaraty) e Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio) foram escalados para abrir diálogo direto com os EUA. Já se cogita acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC), sob o argumento de que a taxação é arbitrária e viola princípios de concorrência justa.
Mas é na esfera política que o governo petista aposta sua principal reação: transferir o ônus da crise para Jair Bolsonaro e aliados. Ministros como Gleisi Hoffmann e Sidônio Palmeira já entraram em campo nas redes sociais para repetir o discurso de que “Lula quer taxar os super-ricos, e Bolsonaro quer taxar o Brasil”. A estratégia tenta desviar o foco do atual governo, colocando a culpa nas alianças internacionais do ex-presidente com Trump.
Enquanto isso, o campo bolsonarista também se mobiliza para jogar a responsabilidade nas costas de Lula e até do ministro Alexandre de Moraes, acusando-os de desgaste diplomático e perseguição a plataformas americanas.
O impasse, que já provocou forte repercussão no agronegócio e nos bastidores políticos, mostra que a medida dos EUA pode se tornar um divisor de águas nas relações internacionais do Brasil — e um novo campo de batalha para 2026.
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*Com informações Metrópoles